PUBLICIDADE

Inadimplência de veículos dobra e bancos já apertam o crédito

Financeiras acreditam que o pico do calote foi atingido em fevereiro e que a tendência, no curto prazo, é de queda

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

O salto na taxa de inadimplência dos financiamentos de veículos, que praticamente dobrou entre fevereiro de 2011 (2,8%) e fevereiro deste ano (5,5%), é um sinal de alerta para os bancos e consumidores. Mas reflete uma situação do passado e não indica uma trajetória explosiva do calote para os próximos meses, concordam economistas, representantes de bancos de montadoras, de financeiras e de fabricantes de veículos."Fevereiro deste ano foi o pico da inadimplência", afirma Érico Ferreira, presidente da Acrefi, associação que reúne as financeiras. Ele explica que fevereiro foi um mês ruim comparado com fevereiro do ano passado pelo menor número de dias úteis por causa do carnaval. Além disso, a desaceleração da economia registrada no último trimestre reduziu a capacidade de pagamento. Mas ele ressalta que as providências foram tomadas: financeiras e bancos já apertaram os critérios de concessão de crédito.O presidente da Anef, associação que reúne os bancos de montadoras, Décio Carbonari, confirma, por meio de nota, a preocupação do setor com a alta do calote e destaca que, até o momento, não foi identificada reversão da tendência do aumento da inadimplência nem a estabilização dos indicadores."A contribuição das instituições financeiras para a redução da inadimplência passa por um acordo de reescalonamento de pagamentos para quem já é cliente e se encontra em dificuldade financeira, além de ajustes na política de crédito para prevenir novas operações com potenciais clientes cujos perfis sejam parecidos com aqueles que estão inadimplentes", afirma o presidente da entidade.A Anfavea, associação que reúne as montadoras de veículos, informa que o aumento do calote não tem afetado as vendas de veículos novos. A perspectiva da indústria é fechar este ano vendendo 3,8 milhões de unidades e assim ampliar entre 4% e 5% os volumes na comparação com o ano anterior. Cerca de 60% dos veículos novos são vendidos a prazo. De acordo com as montadoras, as instituições financeiras já têm aumentado o rigor na aprovação de novos créditos.Descontrole. "Não vejo a taxa de inadimplência subindo para 6% ou 6,5% nos próximos meses. A tendência não é explosiva", afirma o economista Fabio Silveira, sócio da RC Consultores. Na sua avaliação, o calote subiu por causa de um exagero na tomada de crédito que houve no passado, mas não há descontrole.Dois fatores fundamentam o prognóstico favorável do economista para a inadimplência nos próximos meses. São eles o crescimento do rendimento real e a sustentação do emprego. Também o fato de os consumidores e as instituições financeiras já estarem mais cautelosas na tomada e n a concessão do crédito, respectivamente, contribui para a melhora da inadimplência."A alta da inadimplência já era esperada e reflete a desaceleração do ritmo de atividade no fim do ano passado", afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac, que reúne os executivos de finanças.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.