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Inadimplência dos consumidores cai em junho, aponta Fecomercio-RJ

No mês passado, 16,5% dos entrevistados tinham prestação atrasada, contra 21,5% um ano antes

Por Fernanda Nunes e da Agência Estado
Atualização:

RIO - Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ) com 1 mil entrevistados em 70 municípios brasileiros, no mês passado, registrou que 16,5% dos consumidores possuem alguma prestação atrasada. Em junho de 2011, o porcentual foi de 21,5% e, no auge da crise econômica, em junho de 2009, quando a Fecomércio incluiu o questionamento sobre prestações atrasadas em sua pesquisa, o nível de inadimplência foi de 26,4%.

"A inadimplência ainda inspira atenção. Mas, passado esse momento difícil da economia, a tendência é que a inadimplência ceda nos próximos meses, com o aquecimento do mercado de trabalho", afirmou Christian Travassos, economista da Fecomercio-RJ. A pesquisa da Fecomercio-RJ revela também que o cartão de crédito está funcionando como uma ferramenta primordial para que as famílias continuem pagando suas contas, o que evita o crescimento da inadimplência. Do total dos entrevistados, 36,4% informaram pagar parcelas no cartão de crédito, um crescimento em relação aos 25,7% registrados em junho de 2011. Não há informação se o pagamento no cartão é à vista ou no sistema rotativo, de parcelamento da dívida com a cobrança de juros. A opção pelo parcelamento da dívida pode ser interpretada como um alerta para um possível aumento da inadimplência no futuro.Em contrapartida ao aumento do uso do cartão, no mesmo período caiu o porcentual dos que afirmam pagar carnê (de 55,2% para 53,7%), empréstimo bancário de crédito pessoal (de 11,7% para 7,9%) e crédito consignado (de 2,9% para 0,2%). A maior parte da dívida está relacionada a artigos de vestuário (24,9%), porém foi na compra de eletrodomésticos e alimentos que os consumidores passaram a recorrer mais ao crédito. O porcentual dos que afirmaram que estão parcelando a compra de eletrodomésticos passou de 16,9%, em junho do ano passado, para 20,7% no mesmo mês deste ano. O parcelamento da compra de alimentos passou de 8,4% para 11,2%. Enquanto isso, o endividamento para a compra de veículos, incentivada pelo governo, caiu de 20,4% para 13,8% na mesma base de comparação."Parte dos consumidores já quitou a prestação do carro e não tem tanta necessidade de comprar veículo. Para aqueles que têm demanda reprimida, a desoneração (de Imposto sobre Produtos Industrializados para a compra de veículos) facilita. Ainda assim, acredito que o efeito de medidas do governo sobre a demanda só será maior quando as medidas deixarem de ser pontuais para serem estruturantes", argumentou o economista da Fecomercio-RJ.Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz, as famílias ainda estão com fôlego para honrar as dívidas. Mas, se aumentar o número de demissões, a capacidade de pagamento será imediatamente comprometida, assim como a força do mercado interno. Para ele, a tendência é que as famílias continuem contraindo dívidas pequenas, porque já estão com parte do orçamento comprometido. Ele não aposta no crescimento da aquisição de veículos ou que irá aumentar o número de casos de reforma da casa e de compra de imóveis.Em junho, a maior parte das dívidas em atraso era em carnê, que passou de 67,4% em igual mês de 2011 para 70,2%. Caiu, no entanto, o número de consumidores que afirmou estar atrasado no pagamento de cartão de crédito (de 27,4% para 19%), de empréstimo bancário (de 7,1% para 4,1%) e, principalmente, de empréstimo em financeira (de 6,3% para 1,1%).Questionados sobre como fica o orçamento familiar com o fim das dívidas, 31,6% dos entrevistados responderam que vai sobrar dinheiro; 41,8%, que a renda será a conta certa para o pagamento dos custos mensais; e 26%, que vai faltar dinheiro para honrar os gastos. Caso sobre dinheiro, 30,7% irão poupar para gastar no futuro. Apenas 1,1% pretende comprar carro, menos do que o registrado em junho de 2011 (1,9%).

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