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Inadimplência sobe para 5% em outubro e tem maior patamar em mais de dois anos

Cenário marcado por recessão, inflação e juros elevados pressiona o bolso do consumidor e sua capacidade de pagamento

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Por Redação
Atualização:

Atualizado às 14h

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BRASÍLIA - A inadimplência no mercado de crédito no País no segmento de recursos livres subiu em outubro, alcançando o maior patamar em mais de dois anos. A alta ocorre em meio ao cenário marcado por recessão, inflação e juros elevados, combinação que vem pressionando o bolso do consumidor e sua capacidade de pagamento.

No segmento, que conta com taxas de juros definidas livremente pelas instituições financeiras, a inadimplência foi a 5%, ante 4,9% em setembro, nível mais alto desde maio de 2013 (5,1%), informou o Banco Central nesta sexta-feira.

"Desde meados do ano, o crescimento tem sido de 0,1 ponto porcentual a cada mês", disse o chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha. Ele salientou que, por causa da greve dos bancários em outubro, é possível que, da mesma forma que algumas pessoas não conseguiram acessar linhas, pode ter havido ocorrência também de clientes que não conseguiram renegociar suas dívidas, gerando impacto no resultado de outubro.

O chefe adjunto previu ainda que, dado o momento de recessão pela qual passa o País, a alta da inadimplência pode continuar, mas em ritmo moderado. Ele destacou, porém, que os bancos têm sido mais criteriosos na concessão de crédito. Especificamente sobre o segmento imobiliário, o técnico disse que tudo indica que o crédito deve continuar com taxa de inadimplência menor do que o dos demais segmentos.

O spread bancário, diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final, foi a 33,3 pontos porcentuais no segmento de recursos livres, recorde da série histórica iniciada em 2011. Os juros médios do mesmo segmento também renovaram o nível mais alto da série, a 47,9%, num reflexo do encarecimento generalizado dos financiamentos.

"Inadimplência está muito associada à piora da atividade e do fôlego das famílias. Com essa percepção de risco crescendo, em outubro também vimos um aumento forte do spread, levando à elevação das taxas finais de juros para os tomadores", disse o economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria.

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Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, mas na primeira decisão dividida em mais de um ano, com dois membros votando pela alta de 0,5 ponto porcentual.

A falta de consenso levou o mercado a acreditar que uma nova alta na Selic virá antes do esperado, podendo ocorrer até mesmo no início de 2016, a despeito da fraca atividade econômica. Isso porque as expectativas para a inflação seguem em trajetória ascendente, alimentadas também pela desconfiança dos agentes com o cenário fiscal e político do país.

Esse panorama também tem feito os bancos serem mais cautelosos na concessão de empréstimos, principalmente em relação a anos anteriores.

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Em outubro, ainda segundo o BC, o estoque total de crédito no Brasil, que inclui recursos livres e direcionados, caiu 0,1% sobre setembro, a R$ 3,157 trilhões, correspondente a 54,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2015, o BC projeta crescimento de 9% no saldo total do crédito no País, ante alta de 11,3% em 2014, que já havia sido o menor ritmo de expansão desde 2007.

Para Baggi, da Tendências, os dados indicam um esfriamento acentuado do mercado de crédito por causa do comprometimento tanto da oferta como da demanda. "Isso tem feito os volumes caírem em nível maior do que estávamos esperando" disse. "A direção surpreende, mas o que surpreende mais é a magnitude". De acordo com o economista, a luz no fim do túnel para o crédito no Brasil só virá com um ambiente de menor incerteza na economia. (Gabriela Lara, correspondente em Porto Alegre, Célia Froufe e Bernardo Caram, de Brasília, com informações da Reuters)

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