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Inadimplência recua e bancos já reduzem spread

Margem cobrada pelas instituições financeiras nos empréstimos bancários, o chamado spread, passou de 28,5 pontos porcentuais em fevereiro para 28 pontos em março, segundo o BC

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Por Adriana Fernandes , Fernandes Nagakawa e da Agência Estado
Atualização:

A redução da inadimplência motivou a queda do spread bancário - diferença entre juros cobrados pelos bancos nas operações de crédito e a remuneração paga pelas instituições nos investimentos. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o indicador passou de 28,5 pontos porcentuais em fevereiro para 28 pontos em março. O número diz respeito ao spread médio de todas as operações de crédito livre.

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Apesar do recuo no mês passado, o patamar do mês passado é superior ao observado em janeiro, quando estava em 27,8 pontos.

A redução do spread em março foi liderada pelas operações voltadas à pessoa física, cuja margem caiu de 35,8 pontos para 35,1 pontos. Nos financiamentos para empresas, a diminuição foi de 18,8 pontos para 18,4 pontos.

Com a redução do spread, o juro praticado nas operações de crédito livre passou de 38,2% em fevereiro para 37,3% em março. A redução foi mais uma vez liderada pelas operações para famílias, cujo custo dos empréstimos caiu 45,4% para 44,4%. No crédito para pessoa jurídica, a taxa média caiu de 28,6% para 27,7%.

A inadimplência caiu pela primeira vez desde dezembro de 2010. "Essa tem sido uma variável importante e observamos uma redução da inadimplência em março", disse o chefe do Departamento Econômico da casa, Tulio Maciel, ao comentar que a acomodação do nível dos calotes "é um bom sinal, em linha com a perspectiva de acomodação e reversão que a gente vinha anunciando".

Os dados do BC mostram que a inadimplência média nas operações de crédito livre caiu para 5,7% em março. A inadimplência em fevereiro estava em 5,8%. Nas operações para pessoas físicas, a taxa de atraso no pagamento caiu de 7,6% para 7,4% em março, mas nas operações para pessoas jurídicas, a inadimplência ficou estável em 4,1%.

Maciel avalia que o patamar ainda é alto, mas comemorou a queda. "A tendência é de acomodação e reversão no médio prazo. Mas é claro que isso não significa redução contínua da inadimplência a partir de agora", disse.Apesar dessa perspectiva, Maciel anunciou que o calote no financiamento de veículos, que já era recorde em fevereiro, voltou a subir no mês passado e agora já atinge 5,7% das operações, nova marca histórica.

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O período do levantamento - até o dia 12 de abril -, porém, não permite avaliar o impacto total da investida dos bancos públicos. As taxas da Caixa Econômica Federal caíram em 9 de abril e as do Banco do Brasil no dia 13.

Crédito

 

O volume total de crédito no sistema financeiro cresceu 1,7% em março em relação a fevereiro, segundo o Banco Central. O resultado mostra uma expansão bem mais forte do crédito em relação a fevereiro, na mesma base de comparação, quando o crescimento havia sido de 0,4% ante janeiro. De acordo com o BC, o volume de crédito atingiu em março R$ 2,069 trilhões, representando 49,3% do PIB ante fatia de 48,9% do PIB em fevereiro.

Parte desse crescimento visto no fim do trimestre pode ser atribuído à desvalorização cambial, fato que infla as carteiras de crédito em outras moedas, mas que são divulgadas em reais.

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O chefe do Departamento Econômico do Banco Central avaliou que a maior seletividade dos bancos proporciona uma melhor qualidade do crédito novo que está sendo concedido agora. Segundo ele, essa seletividade maior das instituições financeiras tem sido relatada desde o início do segundo semestre do ano passado, com o aumento da inadimplência. "Isso se reverte numa melhor qualidade do crédito", disse Maciel.

No acumulado dos três primeiros meses de 2012, o crescimento do crédito atingiu 2% e, nos últimos 12 meses, o estoque de crédito voltou a subir, passando de 17,3% até fevereiro para 18% até março.

Base monetária

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A base monetária registrou contração de 2,1% em março na comparação com fevereiro na média do saldo dos dias úteis. Com essa retração, o montante passou de R$ 194,553 bilhões em fevereiro para R$ 190,404 bilhões em março. Por esse conceito, o valor registrou expansão de 5,3%.

Pelo conceito de saldo em final de período, o chamado "na ponta", a base terminou março com uma expansão de 5,5% na comparação com fevereiro, passando de R$ 191,489 bilhões para R$ 201,956 bilhões. Em 12 meses até março, a base monetária apresenta uma expansão de 12,12%.

 

 

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