PUBLICIDADE

Publicidade

Inadimplência volta a preocupar o comércio

Por Agencia Estado
Atualização:

O atraso no pagamento do crediário voltou a preocupar os lojistas neste início de ano. Pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) revela que a inadimplência líquida atingiu em janeiro 6,1%, ante 5,4% em igual período de 2002. "Estamos preocupados porque sabemos que o consumidor está com o orçamento apertado e, normalmente, esses índices aumentam só a partir de fevereiro", diz o presidente da ACSP, Alencar Burti. No ano passado, por exemplo, a inadimplência líquida, indicador de tendência que mede o saldo entre os novos carnês inadimplentes descontado dos financiamentos em atraso que foram renegociados, comparado com as vendas a prazo de três meses anteriores, chegou a 8,2% em fevereiro. O temor, segundo Burti, é que a inadimplência piore nos próximos meses, até porque estará refletindo as compras de fim de ano, que concentram o maior volume de negócios no varejo. De toda forma, quando se leva em conta os novos carnês inadimplentes e os financiamentos com pagamentos em atraso que foram renegociados, os resultados não chegam a preocupar. No mês passado, o volume de novos carnês inadimplentes cresceu 13,8% em relação a janeiro de 2002, quase na mesma proporção dos crediários inadimplentes que foram colocados em dia em igual período, segundo pesquisa da ACSP. As restrição na renda, corroída pelo repique da inflação nos dois últimos meses do ano passado e pelo encarecimento do crédito, teve reflexos no consumo. Em janeiro, o número de consultas para vendas financiadas, que dá uma idéia do ritmo de negócios do crediário, aumentou 1,2% em relação ao mesmo período de 2002. Já as consultas para compras quitadas com cheque à vista ou pré-datado aumentaram 4,7%. "O desempenho das vendas em número de negócios fechados não em faturamento, ainda é positivo para nós. Mas o quadro preocupa", frisa Burti. Ele observa que, apesar de, na média, o volume de negócios à vista e a prazo em janeiro ter ficado cerca de 2,5% acima do mesmo período do ano passado, o faturamento deverá ser menor. É que geralmemente as vendas à vista são de menor valor unitário. A Lojas Cem, por exemplo, fechou janeiro com crescimento nominal de 10% no faturamento. Mas se for descontada a inflação e as novas lojas abertas no período, a empresa teve no mês passado queda de 7% na receita em relação a janeiro de 2002. O supervisor-geral da companhia, Valdemir Colleone, diz que não há no momento, um fator novo para impulsionar os negócios. "A economia só vai melhorar quando o emprego reagir." Na sua previsão, isso só irá ocorrer de forma consistente a partir do segundo semestre. Ele não descarta, no entanto, uma pequena recuperação a partir de março. Colleone diz que as empresas estão hoje em compasso de espera, aguardando medidas práticas do novo governo. Fabricantes de eletrônicos, por exemplo, que produziram pouco e venderam pouco no mês passado também estão em "banho maria": atrasaram o planejamento e fixação de metas a serem cumpridas neste ano, aguardando uma sinalização mais efetiva do irá ocorrer, de fato, na economia. Já a Casas Bahia continua otimista. O diretor da empresa Michael Klein, conta que fechou janeiro com faturamento de R$ 400 milhões, 6,5% maior em relação ao registrado no mesmo mês de 2002. O número não leva em conta a inflação acumulada em 12 meses, muito menos a abertura de novas lojas da rede. "Para nós o ano começou bem", diz Klein. Segundo ele, a perspectiva para este mês é de vendas ainda melhores, porque fevereiro terá mais dias úteis do que janeiro. Na análise do empresário, o que deverá sustentar esse crescimento nas vendas é a esperança do consumidor. Com o programa Fome Zero, por exemplo Klein acredita que sobrará alguma renda, antes gasta com a alimentação, que passará a ser direcionada para a compra de bens duráveis.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.