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Inaldo, o legítimo homem do baú

Há 6 anos, ele vive e trabalha como pintor de placas no Terminal Fernão Dias

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Por Redação
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Músico, o pernambucano Inaldo Matias, de 51 anos, chegou a São Paulo nos anos 80 com o sonho de gravar um LP, mas não deu certo. Depois de fazer alguns bicos, ele virou pintor de placas de caminhões - seu ganha-pão. Matias vive há seis anos em um baú de caminhão abandonado no Terminal Fernão Dias. A iluminação é à base de lampião e as paredes são enfeitadas por capas de discos. Os visitantes são recebidos por Gal Costa, Simone, Orlando Silva e Richard Clayderman, além de recortes de revistas com reportagens de grandes nomes da MPB. Simpático, Matias conta como é a vida de quem mora em um baú, com vista para um pátio de caminhões. Ele é um dos termômetros da crise nas rodovias brasileiras. "Estão encomendando o básico, só o que a lei obriga, como a placa de sinalização de cargas. Também faço placas para os lotações", explica. Uma placa pequena custa R$ 10 e a grande vale uns R$ 40. Cada trabalho leva no máximo uma hora e meia para ser executado. A renda, afirma, é de cerca de R$ 1 mil por mês. Matias tem esperança de que as encomendas voltem a crescer depois que apareceu, há cerca de um mês, em uma reportagem da Rede Record. Feliz com a fama momentânea, o pintor espera reverter a aparição em clientes e ser um sobrevivente da crise. O rádio à pilha é a única fonte de informações. "Às vezes tenho dúvida se a crise chegou aqui porque sempre aparece um servicinho. Procuro atender bem a todos e seguir minha vida da melhor forma." Fã de Chico Buarque, apaixonado pela música Construção, Matias sonha em ter uma composição sua gravada. Conta que já foi calouro do Chacrinha e do Silvio Santos, mas foi gongado por Aracy de Almeida. Depois volta à realidade das placas ao lembrar que tem o dom da arte desde garoto, quando garantia boas notas nas aulas de desenho e de português.

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