Publicidade

InBev conclui compra da Anheuser e vira maior cervejaria do mundo

Acordo de US$ 52 bilhões, que esteve ameaçado de não sair, se torna a maior aquisição completada este ano

Por AP e Bruxelas
Atualização:

A InBev anunciou ontem a conclusão da compra da americana Anheuser-Busch, um negócio de US$ 52 bilhões, e tornou-se oficialmente a maior fabricante de cervejas do mundo, seja por faturamento, seja por volume produzido. O negócio, porém, esteve ameaçado de não sair. Os recursos para a compra vieram todos de um grupo de 23 bancos, entre eles alguns fortemente afetados pela crise financeira global, como o Royal Bank of Scotland e o JP Morgan. Segundo uma fonte citada pelo jornal Financial Times, o negócio só foi fechado porque os contratos assinados entre a InBev, a Anheuser e os bancos eram tão bem amarrados que deixavam quase nenhuma rota de escape. "Isso foi construído para rebater qualquer adversidade que pudesse vir", disse a fonte. "Vinte e três bancos colocaram recursos, e colocaram recursos na data combinada. Acho que isso significa alguma coisa." Essa é a maior aquisição completada este ano. A InBev promete manter a base de St. Louis da Anheuser-Busch como quartel-general da companhia na América do Norte, mas a aquisição encerra 150 anos de direção familiar do grupo. O presidente e diretor-executivo da Anheuser, August A. Busch IV, passa a fazer parte do conselho da nova companhia como diretor não-executivo. Na segunda-feira, as ações da Anheuser pararam de ser negociadas, e agora serão trocadas a US$ 70 cada uma em dinheiro. A aquisição da Anheuser-Busch pela empresa belgo-brasileira ocorreu depois de uma dura batalha, que culminou com a apresentação de uma oferta mais alta em julho. Houve protestos dos políticos de St. Louis, que criticaram a operação, enquanto sites na internet pediam que a Bud fosse "salva dos belgas". A Anheuser produz a metade da cerveja consumida nos EUA, mas não conseguiu expandir-se no mundo tão rapidamente quanto a InBev - a empresa híbrida belgo-brasileira, proprietária de centenas de marcas locais, mas de poucos produtos de grande destaque. A InBev prometeu manter todas as 12 fábricas americanas abertas enquanto, nos EUA, não incidirem novos impostos sobre a companhia. A Anheuser-Busch já planejava eliminar 1.185 empregos - na maior parte por meio de programas de aposentadoria voluntária, sem preencher as vagas. A companhia não se posicionou sobre uma disputa com a maior cervejaria do México, o Grupo Modelo - na qual a Anheuser tem uma participação de 50%. O Grupo Modelo entrou com uma notificação de arbitragem contra a Anheuser-Busch, no mês passado, alegando que a fusão violou seu acordo de investimentos e seu direito de dar seu consentimento a uma associação com a InBev. BUDWEISER A compra da Anheuser-Busch traz para a InBev a Budweiser, a jóia de uma marca - a cerveja que mais vende no mundo, venda que ela promete aumentar ainda mais entrando nos mercados emergentes da Ásia, América Latina e Europa Oriental. A nova empresa venderá 20% de toda a cerveja consumida na Rússia e na China. Isso contribuirá para gerar crescimento, enquanto as vendas de cerveja declinam na América do Norte e na Europa, onde consumidores começaram a reduzir gastos e a voltar-se para o vinho e outras bebidas. A nova companhia supera a SABMiller como a maior cervejaria em volume, e se torna uma das cinco principais companhias de bens de consumo do mundo. Segundo Brito, a associação criou "uma companhia global mais forte, mais competitiva, com uma carteira das principais marcas e redes de distribuição internacionais, e com enorme potencial de expansão em todo o mundo". A China aprovou a compra ontem, mas impediu a companhia de aumentar sua participação em cervejarias chinesas, alegando que isso é necessário para impedir que a Anheuser-Busch InBev se torne um monopólio no país. Isso impedirá o crescimento futuro na nação mais populosa do mundo. A decisão limita a participação da Anheuser-Busch na Tsingtao Beer a 27%, e a da InBev na Zhujiang Beer a 28,5%. O grupo também será proibido de se unir a duas das maiores cervejarias chinesas, a Huarun Snow Beer e a Beijing Yanjing Beer. O Departamento da Justiça dos EUA autorizou o negócio na semana passada, depois que a InBev concordou em vender a Labatt USA, que vende a cerveja canadense nos EUA, ficando só com a Labatt no Canadá. Autoridades antitruste temiam que os preços da cerveja aumentassem no norte do Estado de Nova York porque, com a Budweiser e a Labatt Blue, a empresa forneceria a maior parte da cerveja consumida na região. Segundo a InBev, a companhia está bem posicionada para fazer frente à crise econômica global, porque os custos dos ingredientes principais, como malte de trigo para a cerveja, e de alumínio para as latinhas, cairão com a estagnação das vendas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.