As medidas para reaquecer a economia brasileira, como o corte na taxa básica de juros, devem beneficiar em breve as vendas nos setores do varejo mais sensíveis ao crédito, como o de veículos e de móveis e eletrodomésticos, segundo Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"A tendência é de alta (nas vendas), porque a média móvel subiu consideravelmente nas vendas em janeiro", afirmou Pereira. O índice de média móvel trimestral das vendas no varejo subiu de 0,63% em dezembro para 1,5% em janeiro. A taxa é um indicador de tendências, porque elimina em parte oscilações bruscas e pontuais.
"É o que o governo vem buscando. Essas curvas tendem a crescer com a retomada do aquecimento da economia no segundo semestre. O governo já fala até em prorrogar a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para eletrodomésticos da linha branca. O governo sabe que para passar por essa crise internacional, ele tem de contar com o mercado interno, por isso vem incentivando", avaliou o gerente do IBGE.
Pereira calcula que a defasagem entre a queda na taxa de juros e o efeito no comércio seja de cinco a seis meses. Segundo ele, o reaquecimento da atividade econômica no segundo semestre deve se refletir mais nas vendas do varejo.
"Na hora que você vai comprar um carro financiado, hoje a taxa está mais baixa do que se você fosse comprar esse carro em janeiro do ano passado", notou.
O pesquisador do IBGE cita as atividades que dependem mais de crédito como as maiores beneficiadas, por exemplo, veículos e bens duráveis. "Mas mesmo os supermercados podem ser beneficiados. Eram um setor mais sensível à renda, mas hoje não posso dizer tanto isso, porque existem várias redes de supermercado que utilizam agora seu próprio cartão de crédito", lembrou.