A agência de classificação de risco Moody's afirmou num relatório que a incerteza nas condições econômicas mundiais limitará eventuais melhoras na qualidade de crédito dos países da América Latina e que as nações da região cujos ratings têm mais chance de serem elevados - entre eles o Brasil - provavelmente continuarão com a mesma nota até a segunda metade de 2012.
"Os ratings soberanos da América Latina continuaram melhorando em 2011, com três países sendo elevados durante o ano e dois tendo a perspectiva alterada para positiva", afirmou a Moody's no relatório. Apesar disso, as condições econômicas que no início do ano davam margem para expectativas de forte crescimento "passaram a ir na direção oposta conforme surgiram sinais de desaceleração". Como resultado, a maioria dos países deve registrar crescimento abaixo do esperado em 2012, diz o documento.
No caso do Brasil, o ambiente externo desfavorável trazido pela crise de confiança nas dívidas soberanas da Europa e a adoção de políticas fiscais e monetárias mais restritivas no início deste ano deslocaram o foco do governo de receios com um eventual superaquecimento para temores com uma desaceleração econômica acentuada.
As estimativas mais recentes indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) terá uma expansão de aproximadamente 3% neste ano - nível inferior ao crescimento potencial do País, de 4,5% - e também no ano que vem, segundo a agência. "Frente a isso, esperamos que as autoridades adotem uma política moderadamente anticíclica, já que as margens de manobra fiscal e financeira limitam a capacidade de estímulo ao crescimento no curto prazo."
A queda no ritmo de expansão, no entanto, deve facilitar a redução das pressões inflacionárias, garantindo ao banco central espaço para diminuir as taxas de juros. "Esperamos que a Selic continue caindo e fique abaixo de 10% em 2012", afirma a Moody's.
A agência diz ainda que a preservação da perspectiva positiva atribuída ao rating Baa2 do Brasil em agosto "exigirá evidências de que o governo é capaz e está disposto a manter tendências fiscais consistentes com as diretrizes de médio prazo para o orçamento apresentadas neste ano - por exemplo, superávits primários equivalentes a 3,1% do PIB". A reavaliação da nota, porém, não deve ocorrer antes do final de 2012 ou do início de 2013, segundo o relatório.