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Incertezas marcam início do Fórum Econômico Mundial

Evento que reúne as autoridades financeiras internacionais começa em meio à turbulência nos mercados

Por JOÃO CAMINOTO
Atualização:

O Fórum Econômico Mundial inicia nesta quarta-feira, 23, seu encontro anual num clima dominado pela crescente ameaça de recessão nos Estados Unidos e seu impacto global. Por um capricho do destino, autoridades financeiras do G-7 (grupo dos sete países mais industrializados) e grandes países emergentes, além de representantes dos maiores bancos e empresas do mundo, vão estar reunidos na pequena cidade dos Alpes Suíços justamente no momento em que a turbulência nos mercados atinge seu pico e um dia após o Federal Reserve (banco central americano) decretar um corte de emergência nos juros. Esse ambiente de incerteza contrasta com os encontros dos anos anteriores na pequena cidade de Davos. Desde o início de 2002, quando a elite financeira e empresarial global se reuniu - excepcionalmente em Nova York - ainda sob o choque dos ataques terroristas contra o World Trade Center em 11 de setembro do ano anterior, o evento vinha sendo marcado por uma economia mundial em crescimento, graças ao processo de globalização e um otimismo generalizado com o futuro, inclusive com a badalada importância dos países BRIC - Brasil, Rússia, Índia, China. Desta vez, as perspectivas são sombrias. Além da crise econômica norte-americana, cuja extensão ninguém sabe prever, e seus reflexos no restante do mundo, a globalização vem dando sinais preocupantes nos últimos tempos. A virtual falência do processo de negociação da Rodada Doha, para liberalização do comércio mundial, é um exemplo desta tendência. E com a crise econômica, o protecionismo pode ganhar ainda mais corpo. Como de costume, o lema do evento neste ano é vago e aberto a múltiplas interpretações: "O poder da inovação colaborativa". Os organizadores do Fórum afirmam que o objetivo é estimular debates que vão além dos problemas discutidos no dia-a-dia. Mas, diante dos recentes acontecimentos nos mercados financeiros, na prática a agenda dos cerca de 2.500 empresários, banqueiros, autoridades e acadêmicos de 88 países que participarão do evento até domingo, em Davos, será dominada pela situação da econômica global. Brasil A participação brasileira será pequena. No lado oficial, os destaques serão o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretendia mais uma vez participar do evento, cancelou sua viagem há cerca de duas semanas. Um dos temas que certamente serão discutidos durante o encontro, de relevo para o Brasil, será a validade da tese que os países emergentes estariam mais protegidos de uma crise global. Ao longo dos últimos dias, essa crença começou a apresentar sérias rachaduras.

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