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Incorporadoras saem do vermelho, mas resultado não convence investidor

Imóveis. Lucros foram influenciados por situações que não devem se repetir nos próximos meses, como a venda da subsidiária Alphaville, no caso da Gafisa, e a comercialização de um empreendimento pela PDG; analistas não esperam mudanças no curto prazo

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Por Circe Bonatelli (Broadcast)
Atualização:

As incorporadoras imobiliárias que passam por processos de reestruturação conseguiram sair do vermelho e voltaram a ter lucro, conforme mostrou a temporada de balanços referente ao quarto trimestre de 2013. No entanto, os resultados ainda não foram suficientes para animar investidores.A avaliação do mercado é de que parte dessa recomposição só ocorreu graças a efeitos não recorrentes, que não irão se repetir nos próximos meses. Além disso, ainda há muitos desafios para as empresas do setor imobiliário voltarem ao equilíbrio, como redução dos estoques, corte nos altos níveis de endividamento e busca de margens mais elevadas. Juntos, esses fatores darão a tônica de 2014, dizem analistas do setor. "Os balanços melhoraram, mas isso não quer dizer que as empresas chegaram a um ponto de alta lucratividade", afirmou Marcelo Motta, do JPMorgan. "Por isso, os papéis na Bolsa estão meio jogados de lado. As empresas ainda não convenceram." "Em linhas gerais, essa safra de balanços mostrou mais do mesmo. As empresas que estavam bem continuaram bem, e as que tinham um desempenho ruim ainda não reverteram de fato seus pontos negativos", avaliou Luis Maurício Garcia, analista do Bradesco.No grupo das incorporadoras que passam por reestruturação, a PDG teve lucro de R$ 19 milhões no quarto trimestre, interrompendo uma série de quatro balanços consecutivos com prejuízos. No entanto, a incorporadora contou com eventos que não fazem parte de seu dia a dia para recuperar o lucro, como a venda de 100% do empreendimento comercial Domo Corporate. Sozinho, o negócio garantiu ganho líquido de R$ 56 milhões. Sem isso, a PDG teria amargado o quinto prejuízo trimestral seguido. "Ainda temos volatilidade nos resultados", admitiu o diretor-presidente da PDG, Carlos Piani, após a divulgação dos números. Segundo ele, a companhia tem avançado e seguirá trabalhando para reverter a queima de caixa, de R$ 47 milhões no trimestre. Os estoques de imóveis prontos, que geram custos de manutenção, representam 19% do total, nível considerado elevado.Venda. Outra incorporadora que fechou o ano no azul foi a Gafisa, com lucro líquido de R$ 921,2 milhões no quarto trimestre. O resultado foi turbinado pela venda da empresa de loteamentos Alphaville. Sem isso, o lucro seria de R$ 81,2 milhões. A venda também permitiu à Gafisa derrubar sua alavancagem de 126% para 36,1%. "A transação mostra que estamos virando uma página. É vida nova", disse o presidente, Duílio Calciolari. Segundo o executivo, a companhia vai se concentrar neste ano na melhora da rentabilidade. O foco é a limpeza do portfólio, com a entrega de 7 mil unidades da Tenda. Muitas dessas obras estão atrasadas e tiveram o orçamento estourado, o que ainda vai pressionar as margens da companhia.A Rossi também acumulou algumas conquistas no trimestre. A empresa reverteu prejuízo, obteve lucro de R$ 2,5 milhões, passou a gerar caixa e cumpriu sua meta de alavancagem. "Isso mostra a assertividade no cumprimento do plano estratégico colocado em prática em 2013. Esse foi o ano da virada", disse o diretor-superintendente, Leonardo Diniz. Para 2014, a tônica será expandir a geração de caixa e baixar o endividamento, que está no patamar de 97,3%. A Rossi tem estoque alto de imóveis para venda, com unidades prontas representando 11% do total.A Brookfield também faz parte do grupo que está em processo de reestruturação, mas seus números ainda são desconhecidos, pois a empresa adiou a divulgação do balanço trimestral para 10 de abril. Analistas de quatro instituições financeiras (Bradesco, Itaú BBA, BTG Pactual e Morgan Stanley) não chegaram a um consenso na projeção dos resultados da incorporadora, mas indicaram que a Brookfield ainda não teve êxito na sua reorganização. Três analistas estimam prejuízo na faixa de R$ 9 milhões a R$ 31 milhões no trimestre, e um deles prevê lucro de R$ 3 milhões.

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