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Indefinição no preço do frete paralisa comércio da safra de grãos

Segundo cálculos do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, metade da produção do Brasil enfrenta esse problema

Por Lu Aiko Otta
Atualização:

Dezoito dias após o encerramento da paralisação dos caminhoneiros, a comercialização da safra de grãos segue parada por causa da indefinição do custo do transporte. “Pergunte a qualquer produtor: ele tem soja e milho para vender, mas não vende porque não sabe quanto será o frete”, disse nesta terça-feira, 19, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Como a atual safra começou a ser colhida em janeiro e fevereiro, aproximadamente metade da produção brasileira enfrenta esse problema, segundo seus cálculos.

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O ministro acrescentou que o problema relatado pelo Estado sobre cerca de 60 navios parados em portos brasileiros à espera de carga ainda não foi superado. “O problema continua.”

“Pergunte a qualquer produtor: ele tem soja e milho para vender, mas não vende porque não sabe quanto será o frete”, disse nesta terça-feira, 19, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi Foto: Jonne Roriz/AE

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Fontes do mercado informam que, em comparação com a semana passada, quando o transporte das exportações de soja estava parado, houve alguma melhora. No entanto, a situação ainda não é normal.

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“O transporte que está ocorrendo é o das empresas que têm contrato com as tradings”, disse o diretor executivo do Movimento Pró-Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Edeon Vaz. Ele explicou que as transportadoras têm frota própria e já tinham contratos assinados para prestar o serviço de transporte para todo o ano. Num primeiro momento, até mesmo essas empresas também interromperam suas atividades, por não saber como seria a aplicação da tabela do preço mínimo do frete nesse caso.

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Esses contratos, porém, cobrem apenas uma parte da produção, segundo explicou Blairo. A soja cuja venda já estava acertada, inclusive com o custo de transporte, segue sendo embarcada. Mas há uma boa parte da produção que ainda não foi comercializada. E não será, enquanto não se souber qual será a despesa com o carregamento.

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Blairo já se declarou “pessoalmente” contrário ao tabelamento do frete. “Mas o governo tem uma posição”, ressalvou. Ele disse que uma “tabela realista” poderia ser aceita.

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Audiência. Hoje, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux realiza uma audiência de conciliação na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pela Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR) contra a Medida Provisória (MP) 832, que estabeleceu uma política de preços mínimos para o frete rodoviário. Segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a tabela do frete vai elevar custos de transporte em R$ 53,2 bilhões. O governo, porém, tentará manter os preços mínimos, ainda que de forma temporária.

A elevação do custo do frete tem outra consequência sobre a produção nacional. Ela aumenta o custo da ração, principalmente para os criadores do sul do País. “Eles não conseguem mais fechar as contas”, alertou o ministro.

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