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Índia vê com bons olhos oferta dos EUA na rodada de Doha

Por ROBIN POMEROY E DOUG PALMER
Atualização:

A Índia recebeu com satisfação uma oferta feita pelos Estados Unidos para limitar seus polêmicos subsídios agrícolas como parte de esforços para salvar as negociações sobre o comércio mundial, mas se viu imediatamente pressionada pelo governo norte-americano a fim de realizar, ela própria, concessões. Mais de 30 ministros do Comércio negociam em busca de fazer avançar a negociações da Rodada de Doha, realizadas sob o comando da Organização Mundial do Comércio (OMC) e iniciadas sete anos atrás. "A primeira coisa que precisamos notar e elogiar é que os EUA estão avançando", disse o ministro indiano do Comércio, Kamal Nath, a repórteres. O governo norte-americano precisa cortar os subsídios ainda mais, disse Nath. No entanto, a manobra de terça-feira mostra que o impasse aproxima-se de ser superado, ressaltou o ministro, mostrando mais otimismo do que horas antes, quando disse que a oferta dos EUA era "totalmente inadequada" [ID:nB1015367]. "Até agora, não havia ocorrido nenhum tipo de movimentação. O fato de haver movimentação agora é algo bom", afirmou o ministro. Segundo autoridades norte-americanas, houve desapontamento da parte dos EUA devido ao fato de Nath não ter respondido à oferta de corte nos subsídios dando sinais de disposição para diminuir os impostos sobre os produtos manufaturados. Essa medida, argumentam as autoridades, ajudaria também os países em desenvolvimento a ter maior acesso ao imenso mercado indiano. "Esperamos que Nath esteja apenas citando os antigos pontos de negociação. Se os mercados emergentes não contribuírem, não teremos uma verdadeira rodada de desenvolvimento", disse Gretchen Hummel, porta-voz dos negociadores norte-americanos. Segundo Doha, os países em desenvolvimento deveriam se beneficiar de uma retração dos subsídios e dos impostos de importação que protegem os produtores nos EUA e na Europa. Mas as maiores economias emergentes do mundo, como a Índia e a China, estão sendo instadas a abrir seus mercados também em relação a vários produtos, desde os agropecuários aos industrializados. Sete nomes fundamentais da OMC -- EUA, União Européia, Japão, China, Índia, Brasil e Austrália -- reuniram-se na quarta-feira adotando um novo formato, com pequenos grupos de negociadores concentrando-se em questões específicas que ainda enfrentam um impasse. Os países ricos aguardam sinais de que as grandes economias em desenvolvimento estão prontas para serem mais flexíveis a respeito dos bens industrializados. Se as negociações não entrarem em colapso, as partes poderiam continuar com o processo para além do prazo final de sábado em meio a pressões vindas do chefe da OMC, Pascal Lamy, para que haja avanços. "Ele está usando uma tática de maratonista", afirmou Adolfo Urso, principal autoridade italiana do setor de comércio, referindo-se à paixão de Lamy pelas corridas de longa distância. "Mas nós não vamos nos cansar. Vamos ficar na cola dele. O importante é que, pela primeira vez, estamos negociando a respeito de produtos industrializados", afirmou Urso a repórteres. Sem avanços a respeito dos produtos agrícolas e manufaturados até agosto, a rodada corre o risco de ficar paralisada por alguns anos devido à eleição presidencial de novembro nos EUA, à mudança de poder nesse país em 2009 e a outros fatores. (Reportagem adicional de Jonathan Lynn, Laura MacInnis e William Schomberg)

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