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Indicador deve fechar o ano com alta acima de 4%

Para economista da FGV, aumento da renda e dólar mais valorizado limitam baixa da inflação medida pelo IGP-M

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, avaliou ontem que a inflação medida pelo IGP-M dificilmente fechará o ano abaixo de 4%. O indicador acelerou o ritmo de alta de 0,28% em julho para 0,98% em agosto. No Relatório de Mercado divulgado pelo Banco Central (BC) segunda-feira, a expectativa dos analistas do mercado financeiro para o IGP-M em 2007 estava em 3,82%, ante 3,64% da semana anterior. Segundo Quadros, o indicador acumula valorização de 4,63% nos 12 meses encerrados em agosto. ''''Por isso, fica mais difícil agora fechar o ano abaixo de 4%'''', disse o economista. Segundo ele, para que isso ocorra, seria necessário que o IGP-M mostrasse variações de no máximo 0,29% ao mês nos próximos quatro meses que faltam para encerrar o ano. Para Quadros, é pouco provável que isso ocorra, pois o histórico mais recente do IGP-M não dá margens para que se espere uma freada dessa magnitude nos preços daqui para o fim do ano. Nesse mesmo período de quatro meses em 2006, uma alta na casa de 0,29% só ocorreu em setembro - ainda assim, em um cenário diferente. Neste ano, segundo o coordenador da FGV, a pressão sobre os preços deverá se estender por mais tempo em razão do aumento da renda do consumidor, do choque agrícola mais duradouro do que o previsto e porque não se poderá mais contar com a contribuição que o dólar vinha dando no sentido de conter os preços formados com base na cotação da moeda americana. SEM EXPLOSÃO No ano passado, em novembro, o índice mostrou uma variação de choque, de 0,75%, por conta dos aumentos das commodities no mercado externo. Além disso, a inflação daqui para frente deixa também de contar com o alívio que os preços industrializados no atacado vinha exercendo sobre os IGPs até julho. Naquele mês, o Índice de Preços no Atacado (IPA) Industrial havia fechado com uma queda de 0,21%. Em agosto, subiu 0,44%. O fato de a inflação pelo IGP-M ficar igual ou ligeiramente superior a 4% não representa uma explosão inflacionária, segundo Quadros, porque a meta, balizada pelo IPCA, é de 4,50% com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo, justamente para acomodar eventuais choques. ''''Mas mostra uma mudança na estrutura da inflação que pode mexer com as expectativas'''', disse o economista.

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