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Indicadores imobiliários deixam mais a desejar

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Por Redação
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O ritmo de atividade do mercado imobiliário é mais bem observado pelo crescimento das operações de crédito, constatado pelo Banco Central, do que pelas pesquisas regulares sobre a produção e a venda de unidades, como a divulgada mensalmente pelo sindicato da habitação (Secovi). Esta mostrou que outubro foi um mês bastante negativo para as vendas de imóveis novos na capital, tanto pelo critério de número de unidades como de valor comercializado.Entre setembro e outubro, o Valor Geral de Vendas (VGV) pouco superou os R$ 530 milhões e recuou 63%. Comparativamente a outubro de 2013, a queda do VGV foi de 55,6%. Em número de unidades, houve redução de 65,4% na comparação com o mês anterior e 55,4% em relação a igual mês de 2013. Menos de mil unidades novas foram comercializadas em outubro, um número modesto levando em conta as dimensões do mercado paulistano.A explicação mais óbvia para o declínio das vendas é a coincidência com o período eleitoral, com a realização do primeiro e do segundo turnos do pleito presidencial.Mas há outros fatores. Primeiro, a estagnação econômica reduz o lucro das empresas e os bônus dos diretores, que constituem um dos segmentos mais expressivos de compradores de imóveis.Segundo, os compradores dos vários estratos da classe média são afetados pela combinação de juros altos, crédito mais caro e temor quanto à preservação do emprego.Terceiro, outros indicadores de mercado refletem o período difícil, caso da Pesquisa Raio-X FipeZap. Esta revela que, entre os terceiros trimestres de 2013 e 2014, diminuiu de 41% para 20% a participação de investidores no mercado de lançamentos de imóveis. Isso quer dizer que o mercado imobiliário deixa de ser visto como um bom instrumento de aplicação de capital. Nada menos que 80% dos compradores buscam a moradia própria.Depois da elevação dos preços reais verificada entre o final da década passada e o início desta década, a tendência à estabilidade deve ser vista como natural - e é provável que perdure. Isso não significa que o mercado se esvaiu, pois, em metrópoles como São Paulo, há restrições à construção, o que aumenta o interesse pelos imóveis existentes. O que desapareceu foi um comportamento muito otimista de vendedores e de compradores, pouco compatível com a realidade dos que precisam de casa própria, onde viverão por muito tempo.

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