Intervenções pontuais do Banco Central no câmbio que sirvam para corrigir fortes distorções são práticas saudáveis desde que não alterem a trajetória da moeda, afirmou o novo diretor de Política Monetária do Banco Central, Reinaldo Le Grazie.
O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira, 5, após sabatina em sua Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o nome de Le Grazie e de outros três indicados ao Banco Central. São eles: Tiago Couto Berriel, para a diretoria de Assuntos Internacionais; Carlos Viana de Carvalho, para a de Política Econômica; e Isaac Sidney Ferreira, para Relacionamento Institucional.
Le Grazie defendeu que o BC utilize com parcimônia as ferramentas que dispõe, podendo reduzir suas exposições cambiais "em ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado, quando e se estiverem presentes as adequadas condições".
Nesta sessão, o BC vendeu pelo terceiro dia consecutivo 10 mil swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares, retomando o instrumento após deixá-lo de lado por mais de um mês. Com isso, a moeda norte-americana fechou a R$ 3,30. O entendimento é de que o BC não busca um patamar definido para a taxa de câmbio, mas que vai continuar atuando no mercado.
Com os leilões, o BC retomou o movimento de reduzir os estoques de swaps tradicionais - correspondentes à venda futura de dólares -, que estavam em torno de US$ 100 bilhões no final do ano passado. Hoje, eles estão em cerca de US$ 60 bilhões.
"Intervenções no câmbio cumprem papel de tentar normalizar o funcionamento do mercado", disse Viana durante a audiência. Ferreira, por sua vez, destacou que o Brasil não trabalha com meta de taxa de câmbio, mas que o BC deve atuar para conter as disfunções do mercado quando ocorrerem.
Os sabatinados reforçaram a importância do tripé macroeconômico, com inflação baixa e estável, e da implementação de reformas fiscais para a plena eficácia da política monetária.
Em sua fala, Ferreira também reiterou o compromisso destacado pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, de levar a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2017.
Le Grazie acrescentou ainda ser "preciso que os riscos percebidos de a inflação ficar acima ou abaixo da meta sejam simétricos, ou seja, que a sociedade não associe o centro da banda ao piso da inflação". (Agência Estado e Reuters)