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Índice da Cielo aponta desaceleração nas vendas do varejo

Por MARCELA AYRES
Atualização:

As vendas reais do varejo subiram 6,8 por cento no primeiro trimestre ante igual período do ano passado, iniciando o ano melhor que em 2013, segundo índice da empresa de cartões Cielo, divulgado nesta quinta-feira. Porém, os dados apenas de março indicam que o setor passa por desaceleração. Nos três primeiros meses do ano passado, o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) deflacionado havia subido 4,6 por cento sobre 2012, conforme dados compilados pela empresa com base nas transações registradas em seus sistemas de pagamento eletrônico. Apesar do ritmo de crescimento trimestral ter melhorado, o gerente da área de Inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto, afirmou que o desempenho de março mostrou forte desaceleração, mesmo quando desconsiderado o efeito calendário. As vendas reais do varejo tiveram alta de 2,2 por cento em março sobre um ano antes, segundo o ICVA, depois de terem crescido 8,8 por cento em janeiro e 11,4 por cento em fevereiro, num resultado afetado pela redução das atividades do comércio durante o carnaval, que neste ano caiu no último mês. Porém, na análise com ajustes de calendário, o resultado de março do ICVA também perdeu ímpeto, crescendo 5 por cento no mês na comparação anual, ante 8,4 por cento em janeiro e 8,6 por cento em fevereiro. "Houve claramente uma diminuição no ritmo do consumo no país. O impacto dos feriados explica em parte esse menor crescimento, mas não totalmente", disse Mariotto, afirmando que o setor de supermercados acumula dois meses seguidos de avanço mais lento. Para a economista Mariana Oliveira, da consultoria Tendências, a desaceleração está em linha com o ambiente econômico atual, marcado por inflação persistente e juros mais altos. "Em março também podemos destacar as maiores pressões em itens importantes para a cesta de consumo, como alimentação em domicílio", disse Oliveira, lembrando que problemas climáticos pressionaram o preço de alguns alimentos. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,92 por cento em março, no maior avanço para o mês desde 2003. Segundo Oliveira, o consumo deve continuar num movimento de desaceleração em 2014. "Os preços ao consumidor iniciaram o ano crescendo abaixo da sazonalidade, mas a gente começa a observar novas pressões", disse a economista. Para o próximo trimestre, ela afirmou que a Copa poderá ajudar o varejo em alguns setores, mas atrapalhar em outros em função de menor movimento no comércio nos dias de jogos, com impacto geral pouco relevante. "Para alguns setores que atraiam estrangeiros ou tenham foco nesse público, (a Copa) pode até beneficiar. Mas, na média, a gente tem uma perspectiva mais conservadora", concordou Mariotto, da Cielo. Em estudo à parte, a Cielo apurou que estrangeiros gastam em média três vezes mais que brasileiros pelos mesmos serviços, como alimentação em bares e restaurantes.

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