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Indígenas querem ser incluídos em reuniões sobre clima do G8

Povos se manifestaram dizendo que eles são os que menos contribuem para o aquecimento global

Por YOKO KUBOTA
Atualização:

Comunidades indígenas de várias partes do mundo pediram nesta sexta-feira, 4, que o Grupo dos Oito, que engloba as nações mais ricas, os ajude a participar das conversações sobre mudanças climáticas no planeta, dizendo que eles são os que menos contribuem para o aquecimento global, embora sejam os mais afetados. Usando coloridas vestimentas tradicionais, 26 representantes de povos de vários países, incluindo Estados Unidos, Canadá e Japão, além de cerca de 400 estudantes, ativistas e acadêmicos, se reuniram na ilha de Hokkaido, no norte do Japão. A ilha será a sede da cúpula do G8 entre os dias 7 e 9 deste mês e é a terra do grupo étnico indígena Ainu. No encontro, integrantes de comunidades indígenas acusaram o modelo de economia voltado para o mercado das nações do G8 de ser a principal causa das mudanças climáticas, crise alimentar e alta no preço do petróleo. Essas questões estarão no topo da agenda da cúpula do G8. "Como todos nós sabemos, o G8 é composto pelos governos mais poderosos e ricos do mundo. O G8 é que toma decisões que têm impacto direto sobre nós", disse a chefe do Fórum Permanente da ONU sobre Questões Indígenas, Victoria Tauli-Corpuz. "Pelo que sei, vimos que muitos desses problemas são na verdade causados pelos próprios países do G8", acrescentou Tauli-Corpuz, que representa o povo Igorot, das Filipinas. Uma declaração divulgada pelo grupo no fim do encontro assinala que os líderes do G8 deveriam abrir caminho para que os povos indígenas sejam incluídos nas conversações sobre mudanças climáticas no planeta, lideradas pelas Nações Unidas. "Os povos indígenas precisam ser incluídos em todos os níveis das negociações sobre mudança climática porque são os mais afetados, mas também porque têm muito a contribuir", disse Ben Powless, da etnia Mohawk, do Canadá. A ONU estima que 370 milhões de indígenas estejam na linha de frente da exposição de mudanças climáticas, por causa de enchentes mais frequentes, secas, desertificações, doenças e elevação do nível dos mares. As comunidades indígenas também destacaram problemas que estão enfrentando em consequência de medidas adotadas para mitigar os efeitos de mudanças climáticas. Tauli-Corpuz disse, por exemplo, que pessoas foram deslocadas de suas terras pela expansão de plantações destinadas a biocombustíveis nas Filipinas. A declaração aprovada no encontro será entregue nesta sexta-feira aos parlamentares japoneses, que a repassarão ao primeiro-ministro Yasuo Fukuda antes da cúpula, disseram organizadores.

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