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Indústria ainda se ressente de falta de confiança

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Por Redação
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O Índice de Confiança da Indústria de Transformação (ICI), calculado pela FGV, caiu 0,6% em agosto, de 99,6 para 99,0 pontos, menor nível desde julho de 2009. Esse índice é importante porque, calculado entre os dias 1.º e 20, permite tomar a cada mês o pulso da indústria, que, acossada pela inflação, que retraiu o consumo, e pelo efeito ainda das manifestações de rua, não dá sinais de recuperação.Das 1.247 empresas ouvidas, 9,4% estão com estoques excessivos, ante 7,7%, em julho - o quesito é o que tem maior influência no resultado. O porcentual é próximo do de dezembro de 2011 (10,2%,), mas bem menor que o de janeiro de 2009 (21,3%), no auge da crise. "No curto prazo, todavia, a notícia é ruim porque qualquer recuperação que esteja em andamento será retardada, já que é preciso administrar esses estoques", disse Aloísio Campelo, superintendente-adjunto de Ciclos Econômicos da FGV.O problema afeta 12 dos 14 segmentos aferidos, entre os quais material de transporte (que inclui montadoras e autopeças), minerais não metálicos (cimento, principalmente), seguidos pela indústria de vestuário, calçados e artefatos têxteis.A desvalorização do real, que pode impulsionar a indústria, ainda não teve efeito perceptível. A demanda externa continua fraca para os manufaturados e há barreiras protecionistas, como na venda de calçados brasileiros para a Argentina.Espera-se melhoria no consumo interno a partir de setembro, quando as indústrias de bens duráveis recebem pedidos para o fim do ano. O setor se retraiu 4,9% em agosto e 15,8% nos três meses anteriores.Estoques altos afetam o capital de giro das indústrias, o que é agravado pela elevação dos juros e o encarecimento do crédito. E ainda repercutem sobre o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), que recuou para 84,4% em julho, descontadas as influências sazonais - embora isso possa ser reflexo, segundo Campelo, de mais investimentos de algumas indústrias antecipando maior demanda que não se concretizou.A pesquisa não registra dispensa de trabalhadores, mas isso pode mudar se a situação continuar se deteriorando. Contudo, um indicador dessazonalizado sobre a previsão de novos empregos caiu 0,5% de julho para agosto, maior recuo desde julho de 2009. Os dados reforçam a expectativa de que o crescimento do PIB neste trimestre tende a ser fraco. E parece já esgotada a política de incentivo ao consumo interno para anabolizar o PIB.

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