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Indústria de veículos busca formas de agradar a consumidores mais exigentes e conscientes

Segundo especialistas e executivos que participaram do Summit “O Futuro da Indústria Automotiva”, realizado pelo Estadão, empresas precisam captar as vontades dos mais jovens e dos mais tradicionais

Por Renée Pereira
Atualização:

A indústria de veículos vive uma grande transformação, seja no desenvolvimento de novos modelos, adoção de tecnologias ou programas para chegar até o consumidor final, que vão além da venda tradicional do produto. Com clientes cada vez mais exigentes – e conscientes – as empresas estão tendo mais trabalho para agradar a gerações distintas, segundo especialistas e executivos que participaram nesta quinta-feira (28/4) do Summit “O Futuro da Indústria Automotiva”, realizado pelo Estadão.

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Ao mesmo tempo que precisam atender aos consumidores tradicionais, também precisam captar as vontades dos jovens, mais conectados com a tecnologia e menos apegados a posse de bens. “Os consumidores estão se atualizando muito rapidamente e isso acelera a velocidade de mudança do que o cliente quer”, diz a vice-presidente de Comunicação, Relações Governamentais e ESG da GM América do Sul. Segundo ela, essa mudança de perfil exige muita discussão e meses de trabalho para o desenvolvimento de novos produtos, por exemplo.

Embora o brasileiro seja apaixonado por carros, a forma de experiência com o produto varia muito entre a população. Clientes mais jovens, por exemplo, têm demonstrado prioridades diferentes, que não incluem a posse do veículo. Eles preferem alugar um carro ou fazer uma assinatura e usar o dinheiro disponível para investir, diz o vice-presidente da marca Jeep para América do Sul, Alexandre Aquino. “É um cliente mais racional.”

Fábrica da GM em São Caetano do Sul (SP); consumidores estão mais exigentes e conscientes Foto: General Motors

Segundo ele, hoje a empresa oferece várias opções para o consumidor, Além da compra tradicional do carro, há programas de 12, 24 meses de assinatura para carros exclusivos, como aqueles com tração 4 x 4. No fim do período de contrato, ele pode comprar o veículo ou não, diz Aquino. “O importante é cobrir todo tipo de cliente e fazer com que ele experimente nossos produtos. Como ele vai fazer isso, ele que decide.”

Ainda incipiente no País comparado com outros países, o mercado de assinaturas tem um potencial enorme de crescimento entre os brasileiros, diz o diretor de Vendas e Marketing da Movida, Jamyl Jarrus. O mercado de locação no País é de 15% enquanto nos Estados Unidos a penetração é de 75%.” Para ele, o potencial de crescimento é grande daqui para frente sobretudo por causa da cultura do desapega de bens dos jovens.

O analista de mercado automotivo da consultoria Globaldata, José AugustoAmorin, diz que, para o brasileiro, o importante é o tamanho da mensalidade, se cabe ou não no orçamento. Nessa linha, se a assinatura de um carro valer a pena, ele pode mudar seus hábitos.

Outra aposta do mercado, segundo os analistas, é o carro elétrico, que ainda tem preço elevado e precisa reduzir os custos para atingir uma camada maior da população. “O consumidor está cada vez mais preocupado com o ESG (sigla em inglês para as práticas de meio ambiente, social e governança), mas tem a questão do preço. Como toda nova tecnologia, o carro elétrico ainda é caro”, diz Marina. Ela afirma que a indústria automobilística está investindo bilhões nessa área.

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Além disso, quanto maior o volume de produção, menor tende a ser o custo. Jarrus, da Movida, diz que a empresa deve apostar no aumento da frota de veículos elétricos no Brasil. Hoje são 600 carros, mas o número deve crescer com a demanda maior pelo produto. A empresa criou um hub de reabastecimento desses veículos em São Paulo como forma de incentivar o uso dos carros.

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