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Indústria defende fundo para investir em startups

Proposta faz parte do pacote que a CNI vai apresentar amanhã em evento com candidatos à Presidência; fundo teria R$ 1,6 bilhão

Por Lu Aiko Otta
Atualização:

A indústria vai propor aos candidatos à Presidência da República a criação de um fundo de cerca de R$ 1,6 bilhão com recursos da Lei de Informática para financiar startups em tecnologia. É parte de um pacote desenhado para intensificar a entrada do Brasil na chamada indústria 4.0, que é a produção num mundo em que “tudo se conecta com tudo” por meio de tecnologia digital. 

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Nesta quarta-feira, 04, os presidenciáveis participarão de um debate promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e poderão ver uma exposição com exemplos de como a digitalização vai mudar a vida das pessoas e das cidades. E, por extensão, como isso já tem impacto nas empresas no mundo inteiro e precisa ser uma prioridade no Brasil para competir no mercado mundial nos próximos anos.

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CNIvai propor aos candidatos à Presidência a criação de um fundo de cerca de R$ 1,6 bilhão com recursos da Lei de Informática para financiar startups em tecnologia 

Na exposição, poderão ser vistos sistemas automatizados que lavam e passam roupas, impressoras 3D para concreto, bueiros que avisam quando estão entupidos e um espelho que tira medidas e comanda a confecção de roupas. 

“Já ficamos para trás na transformação que houve na terceira revolução industrial, a da microeletrônica”, disse o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi. “Ficar para trás não é uma alternativa”, completou o gerente executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), João Emílio Gonçalves.

O atraso da indústria brasileira é grande. Pesquisa da CNI mostra que 77,8% das empresas ainda estão nos estágios mais atrasados de aplicação de tecnologia. Em metade delas, o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) é apenas pontual. A outra metade está um passo adiante, usando as TICs, mas com integração de apenas algumas áreas. No estágio seguinte, no qual a integração de áreas é total, estão 20,5% das indústrias pesquisadas. E apenas 1,6% está na fronteira, com integração digital total e uso de inteligência artificial.

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Base da pirâmide. A quantidade de empresas que usa tecnologia de ponta até que não é tão pequena. Na Alemanha, por exemplo, as indústrias nesse estágio somam 10%. O problema é que na base da pirâmide da produção brasileira o atraso tecnológico é muito grande. Por isso, colocar as pequenas e médias empresas na era digital é o trabalho mais decisivo para o Brasil entrar na era 4.0, segundo avaliação da CNI e do governo brasileiro. 

Na próxima semana, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, lançará, em São Paulo, um hub no qual as empresas poderão ver o que há de mais novo em tecnologias digitais. Está prevista a participação de presidentes das 21 maiores empresas mundiais da área. “É uma plataforma que vai conectar oferta e demanda sem a interferência do governo”, disse ele ao Estado.

A definição de um plano de digitalização é uma etapa anterior à obtenção do financiamento, que já é oferecido. Em março, o governo anunciou linhas de crédito no valor de R$ 9 bilhões para a digitalização das empresas, frisou o ministro. A pasta também reduziu de 14% para zero a tarifa de importação de robôs industriais sem similar de fabricação nacional e para impressoras 3D.

A proposta da CNI aos presidenciáveis contém também a criação de um programa de compras governamentais, que foi decisiva para a digitalização da indústria na Alemanha, por exemplo. A ideia é direcionar essas encomendas a produtos e serviços de tecnologia mais avançada. De 2012 a 2017, o setor público brasileiro comprou R$ 306 bilhões.

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