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Indústria demite há 3 anos e 10 meses

Por Vinicius Neder e Idiana Tomazelli
Atualização:

Após três anos e 10 meses de queda, o contingente de trabalhadores na indústria renovou o recorde de baixa, no menor nível desde 2000, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a levantar dados de emprego no setor. Nos 12 meses acumulados até julho, a queda é de 4,9%, informou ontem o instituto, ritmo de piora só visto na crise global de 2008. Para piorar, a inflação está corroendo os salários e o valor da folha de pagamentos da indústria registrou em julho a maior queda em 12 anos.

A pesquisa do IBGE mede o contingente de mão de obra por meio de um índice, por isso, não informa o número de trabalhadores demitidos. Na quinta-feira, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estimou que somente a indústria paulista deverá colocar na rua, este ano, cerca de 250 mil trabalhadores.

Segundo economistas, a tendência é a queda do contingente de trabalhadores industriais medido pelo IBGE registrar, em 2015, a maior queda da série da Pesquisa Industrial Mensal - Emprego e Salário (Pimes), iniciada em 2000. "Não vejo nenhuma razão para melhorar", disse o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.

Em 2009, auge do impacto da crise agravada em setembro de 2008, após a quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, o nível de emprego industrial encolheu 5%.

Em relatório, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) avalia que o fundo do poço ainda não chegou. "O emprego na indústria nacional vive o pior momento da sua história recente. O problema surge quando, infelizmente, se descobre que esse fundo de poço é móvel e se move para... baixo", diz o texto.

Economista da Coordenação de Indústria do IBGE, Fernando Abritta explicou que a queda no pessoal empregado no parque fabril "reflete" a queda na produção industrial. Em meio à retração da economia, o pessoal ocupado acumula queda de 5,4% no ano (até julho), enquanto a produção tomba 6,6%.

Assim como na produção industrial, os setores de bens de capital, atingido pela queda na demanda por investimentos, e de bens duráveis, afetado pela retração do consumo, são os que mais sofrem. Na comparação de julho com julho de 2014, o emprego no setor de "máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicação" registrou queda de 12,9%, enquanto no de "meios de transporte" encolheu 10,2%. "O cenário é este: taxa de juros em alta, inflação elevada, crédito escasso", afirmou Abritta,

"O cenário é este: taxa de juros em alta, inflação elevada, crédito escasso"

Fernando Abritta

ECONOMISTA DO IBGE,

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