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Indústria dos EUA quer açúcar sem tarifa

Por Patrícia Campos Mello e WASHINGTON
Atualização:

Os maiores produtores de alimentos dos Estados Unidos pediram à Secretaria de Agricultura americana o fim das barreiras à importação de açúcar de países como o Brasil. O preço da commodity não para de subir e, segundo as empresas, o produto pode faltar nos EUA para produzir cookies, biscoitos, chocolates e outros. Grandes empresas como a Kraft, Hershey, Unilever e Nestlé USA enviaram uma carta ao secretário de Agricultura, Tom Vilsack, pedindo aumento da cota de importação de açúcar com tarifas reduzidas. O preço do açúcar futuro subiu 95% neste ano, chegando ao recorde em 28 anos, de US$ 0,2297 por libra-peso. Dentro da cota, o exportador paga tarifa de US$ 10 a US$ 14 por tonelada. Fora da cota, a tarifa é proibitiva - US$ 338 por tonelada para açúcar bruto (sobretaxa de 111%) e US$ 357 por tonelada para o refinado (106%). Os EUA mantêm as barreiras para proteger os produtores americanos de açúcar de beterraba e cana que se opõem a um aumento na cota, pois levaria os preços a cair no país. Os EUA estão com estoque de açúcar suficiente para apenas 13 dias. O México, com o qual o país tem acordo de livre comércio, poderia aumentar suas exportação sem tarifa - mas o vizinho é pouco eficiente na produção e não está dando conta. "É preciso aumentar a cota de importação de açúcar imediatamente; sem isso, os consumidores vão pagar preços mais altos e os empregos na indústria de alimentos estarão em perigo", diz a indústria alimentícia na carta. O Brasil tem direito a apenas 13% da cota de 1,17 milhão de toneladas (152 mil toneladas). Segundo fontes do Itamaraty, essa é uma quantidade "ridícula", considerando que o País é um dos maiores produtores mundiais, com exportação de 19 milhões de toneladas em 2008. "Mesmo se aumentarem a cota, vai ser proporcionalmente muito pouco; só vai fazer diferença se houver realocação de cotas", diz Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, entidade que representa os usineiros no Centro-Sul do País. Além disso, os beneficiados serão produtores do Nordeste, porque uma lei determina que as cotas de preferências tarifárias sejam alocadas para produtores do Nordeste. Um dos principais motivos para a alta do preço do açúcar foi a quebra de safra na Índia. O país, que exportou açúcar nos últimos anos, teve um safra fraquíssima e está importando do Brasil e outros países. Os americanos afirmam também que o Brasil, ao direcionar cana de açúcar para etanol, está causando inflação nos preços do açúcar. Mas a Unica diz que a acusação é infundada. Segundo Pádua Rodrigues, 85% das usinas são flexíveis, podem produzir etanol ou açúcar, e a produção de açúcar no Centro-Sul vai aumentar 18% neste ano, de 27 para 31,5 milhões de toneladas.

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