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Indústria e comércio mostram otimismo apesar de crise externa

Por ISABEL VERSIANI E VANESSA STELZER
Atualização:

Empresários da indústria e do comércio começam o ano confiantes nas perspectivas do Brasil em 2008, após números fortes do último trimestre. A expectativa dos setores é de que o crescimento do emprego e da renda garantam a continuidade do aumento da demanda, mesmo em um cenário de provável arrefecimento do crédito e das exportações por conta da crise externa. A atividade deve continuar com expansão significativa em 2008, ainda que em ritmo menor que no ano passado, que se tornou uma base elevada de comparação, segundo empresários. A perspectiva de desaceleração já era consenso antes da crise norte-americana e não foi agravada pela turbulência externa. "As autoridades norte-americanas fizeram medidas acertadas, mas elas demoram um tempo para surtir efeito. Portanto, no momento em que o Brasil possa sentir algum impacto da crise, as medidas estarão tendo efeito e o Brasil não será tão impactado", avaliou Christian Travassos, economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro. Ele estima que as vendas no comércio do país cresçam 4,5 por cento este ano. O dado de 2007 não está fechado, mas em 12 meses até novembro as vendas subiram 9,2 por cento, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa trimestral da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta terça-feira revela que as empresas do setor fecharam 2007 com estoques abaixo do planejado, um reflexo do desempenho favorável das vendas. Foi a primeira vez em três anos que isso ocorreu. "Forma-se um cenário bastante promissor para a atividade industrial neste início de ano. Os estoques abaixo do necessário implicam necessidade de reposição, portanto, em maior produção", afirmou a CNI. Para os próximos seis meses, os industriais revelaram otimismo com relação a demanda, número de empregados e compra de matérias-primas. No caso da demanda, o índice que mostra a percepção dos empresários ficou em 59,4 pontos (pontuação acima de 50 pontos indica otimismo), mesmo patamar de outubro. O ponto destoante foi as exportações --a maioria das empresas previu redução nas vendas externas no período. CRÉDITO MENOR, MAS RENDA EM EXPANSÃO Segundo Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), os riscos para o consumo brasileiro neste ano incluem a crise internacional, mas principalmente a possibilidade de falta de energia e os problemas de infra-estrutura do país. Ainda assim, o faturamento dos supermercados deve crescer entre 4 e 4,5 por cento --abaixo do recorde de 5,9 por cento registrado em 2007, mas acima da média dos últimos anos. O volume de crédito no país tende a crescer a taxas mais modestas em 2008 após avançar 27,3 por cento no ano passado, segundo o Banco Central. A avaliação é de que, nos próximos meses, a turbulência externa e o aumento do IOF impeçam reduções significativas do custo final dos financiamentos. "A gente não tem tanto espaço para redução de taxas, é de se esperar um crescimento menor do crédito", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Analistas ponderam que o crescimento não depende apenas do crédito, embora esse venha sendo um grande estímulo. "Os estímulos para o consumo continuam sendo o emprego e a renda, que devem continuar em crescimento", acrescentou Honda. O desemprego atingiu em 2007 o menor nível da série histórica do IBGE e a renda teve mais um ano de expansão.

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