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Indústria eletroeletrônica vai retomar investimentos

Por Rodrigo Petry
Atualização:

A indústria eletroeletrônica pretende ampliar em pelo menos 39% seus investimentos em 2010 na comparação com os aportes previstos para este ano. Puxados pelos setores de informática, petróleo e gás, telecomunicações e geração, transmissão e distribuição (GTD) de energia, os investimentos devem somar no próximo ano aproximadamente R$ 5,3 bilhões, prevê o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato."Deveremos retomar em 2010 a participação de 4% do faturamento da indústria destinado a investimentos", afirmou. Em 2009, esse porcentual ficou em aproximadamente 3%, porcentual inferior aos 4% aplicados em 2008. "Todas as áreas ligadas à infraestrutura vão crescer em 2010. Esses setores já apresentam um ritmo superior de crescimento sobre o final do ano passado", disse.Para 2010, a previsão da entidade é de um faturamento 11% superior a este ano, atingindo R$ 124,9 bilhões. O setor de telecomunicações deverá crescer 21% no próximo ano, para R$ 21,1 bilhões, enquanto a alta do setor de informática poderá ser de 12%, somando R$ 39,5 bilhões. A projeção da Abinee é de um incremento de 12% para o segmento de material de instalação, de 12% para GTD, 11% para automação industrial e 9% para equipamentos industriais.Segundo Paulo Castelo Branco, diretor de telecomunicações da Abinee, os aportes previstos para o segmento serão destinados sobretudo à continuidade da expansão da rede de terceira geração (3G). Ele ressaltou, porém, que os maiores aportes já foram realizados em 2008. "Estamos aguardando agora as diretrizes do Plano Nacional de Banda Larga para o segmento receber novos investimentos", disse.Outro setor promissor para a indústria eletroeletrônica está na área de petróleo e gás, que representa cerca de 30% do faturamento das associadas da Abinee. "Queremos participar de pelo menos 10% dos projetos da Petrobras até 2013, de mais de US$ 170 bilhões", afirmou. Segundo ele, a expectativa da entidade é de que essa participação nos projetos eleve no período em cerca de 20% o emprego no setor, que encerrou 2009 com aproximadamente de 160 mil trabalhadores diretos.O executivo afirmou ter preocupação com ritmo de andamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "O PAC está bem aquém do que se esperava", disse. Ele criticou os atrasos, principalmente, em projetos de geração de energia e transportes. "Há uma demora sistêmica nos projetos e boa parte não deve se confirmar até o final do governo Lula", disse.Questionado sobre a renovação da "MP do Bem", que zerou a incidência do PIS/Cofins para alguns tipos de computadores e expira em 31 de dezembro, Barbato mostrou confiança na prorrogação do incentivo. "Esperamos pela aprovação de emenda ou MP até o final do ano."ExportaçõesA entidade prevê para 2010 elevação do déficit comercial do setor, que deverá subir 17%, para US$ 19,6 bilhões. A estimativa da Abinee é de estabilidade nas exportações, em razão da perspectiva de valorização do real ante o dólar, assim como a criação de barreiras à importação de produtos eletroeletrônicos brasileiros pela Argentina, Equador e Venezuela. Para este ano, as exportações de celulares, líder nos embarques da indústria eletroeletrônica, devem recuar 37% e somar US$ 1,398 bilhão.De forma geral, as categorias de produtos do setor registraram queda nas vendas externas para os Estados Unidos (-30%), Associação Latino Americana de Integração - Aladi (-29%) e União Europeia (-27%). "As empresas estão honrando seus contratos para tentar manter seus clientes no exterior e buscando novos nichos de mercado", disse. Segundo ele, enquanto a China mantiver sua taxa de câmbio atrelada ao dólar, que vem se desvalorizando frente ao real, o Brasil continuará perdendo mercados externos pela falta de competitividade frente aos preços dos produtos chineses.Pelo lado das importações, a estimativa da entidade é de um aumento de 12% no próximo ano, com um total estimado de US$ 26,8 bilhões. Segundo Barbato, esse desempenho será impulsionado pelo mercado interno. "Temos uma grande dependência de semicondutores, componentes para informática e telecomunicações", afirmou, salientando que esse movimento será beneficiado também pela taxa de câmbio.

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