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Indústria, hoje uma subprioridade

Só o presidente Bolsonaro pode, com sua caneta BIC, reverter essa posição do setor industrial

Por Marcus Vinicius Rodrigues
Atualização:

O título deste artigo não é uma retórica, é real e preocupante. A indústria brasileira tem hoje como órgão governamental direcionador a Subsecretaria da Indústria, subordinada à Secretaria de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, subordinada à Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, subordinada ao ministro Paulo Guedes. Essa é a importância e a posição explícita do setor industrial no organograma do Ministério da Economia.

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Desde a primeira fase da revolução industrial, a indústria é a base principal para o desenvolvimento de uma nação. Vivemos hoje sua quarta fase, e o setor industrial continua sendo o habitat onde são aplicadas as descobertas científicas, as tecnologias e inovações que motivam ou induzem o empreendedorismo e o crescimento da economia.

No Brasil, o setor vinha sendo representado por órgãos com o status de ministério e em diversos períodos foi contemplado com eficazes políticas de longo prazo. No governo Vargas, nos anos 30, com a criação de infraestrutura e políticas industriais vinculadas ao petróleo, siderurgia, mineração e energia. Nos anos 70, com as políticas industriais do 1.º e do 2.º Plano Nacional de Desenvolvimento, que, apesar de estarem no contexto da crise energética, levaram o Brasil a ampliar o seu ciclo produtivo industrial e contribuíram com um crescimento significativo do PIB. O governo Collor também ensaiou medidas para o desenvolvimento com uma política industrial que tinha como suporte estratégico e motivador operacional o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade.

Setor industrial brasileiro é competente e empreendedor, mas precisa de um norte governamental. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Hoje, o Brasil sente falta de uma eficaz política de Estado ou de governo para o setor industrial. Com as consequências da crise sanitária, isso ficou mais evidente. O País precisa voltar a crescer e o caminho mais curto é priorizar a reestruturação do setor industrial, com o objetivo de aumentar a produtividade, criar postos de trabalho e se tornar competitivo.

O setor industrial precisa ter como exemplo o legado que o ministro Tarcísio Freitas está deixando para o Brasil ou a visão política e estratégica da ministra Tereza Cristina, que está levando o País a recordes sucessivos em suas safras. É preciso ter um ministério destinado às indústrias e encontrar um Tarcísio ou uma Tereza para dirigir um setor que agoniza ante a ausência de políticas, programas e ações gerenciais e operacionais.

Desoneração da folha de pagamento, subsídios ou outros benefícios são paliativos que dão uma ideia errada de normalidade e ofuscam de forma inconsequente a necessidade de políticas industriais consistentes e ampliadas.

O setor industrial brasileiro é competente e empreendedor, mas precisa de um norte governamental, de garantias à propriedade intelectual e de segurança jurídica para os investimentos necessários para sua reestruturação.

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O desenvolvimento científico e tecnológico tem como um dos motivadores as atividades industriais. A inovação ocorre na e para a indústria. A economia tem como alimentador prioritário do PIB e fator fundamental para garantir a estabilização da macroeconomia a indústria. A geração de empregos ocorre de forma primária na indústria. A qualidade de vida de uma população tem sua origem no desenvolvimento industrial de sua nação. A soberania e a independência nacional estão associadas a um setor industrial forte e independente.

Só o presidente Bolsonaro, com sua caneta BIC, pode reverter essa posição do setor industrial. Com a concordância ou não do ministro Paulo Guedes, mas ouvindo os empresários do setor e atendendo às expectativas dos trabalhadores na busca de seus empregos. O Brasil vai agradecer.

*MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E DO CONSELHO EDITORIAL DO INSTITUTO GENERAL VILLAS BOAS, É PROFESSOR E CONSULTOR DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS- FGV

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