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Indústria mostra ceticismo sobre reforma tributária

Por Anne Warth
Atualização:

Menos de um mês após o governo ter apresentado seu projeto de reforma tributária, no dia 28 de fevereiro, o otimismo inicial dos empresários do setor industrial começa a dar lugar ao ceticismo em relação ao conteúdo e à aprovação da proposta no Congresso. Reunidos na sede da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), dirigentes de 45 entidades do Fórum Nacional da Indústria, órgão consultivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), defenderam alterações no projeto, mostraram desconfianças e pediram esclarecimentos em relação a alguns pontos considerados "nebulosos". Eles disseram não acreditar que a reforma possa ser votada em meio a um ano eleitoral. "Acho muito importante esse esforço das categorias empresariais em se unir em torno disso, mas tenho mantido um certo ceticismo em função da dificuldade que eu enxergo na aprovação de uma reforma tributária nesse ano, por várias razões. Não só por ser ano eleitoral, mas porque antevejo alguns conflitos intersetoriais", admitiu o presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Horácio Lafer Piva. Na avaliação do dirigente, a reforma esbarra nas discussões sobre as perdas com que cada setor - serviço, comércio e indústria - deverá arcar após a aprovação da proposta. "Falta um certo desprendimento", afirmou. Ele destacou também que não tem visto empenho nos governadores em relação à reforma. "E sem os governadores nós não vamos avançar. Os governadores são parte absolutamente fundamental nessa questão." Mudanças O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, reconheceu a existência de interesses conflitantes em relação à reforma, mas ressaltou que há também muitos pontos convergentes. "A indústria acha que a reforma pode passar, desde que a sociedade pressione", disse. Ele defendeu, porém, mudanças na proposta, até mesmo nas questões sobre a desoneração dos investimentos, da folha de pagamento e das exportações e do fim da guerra fiscal. "Uma proposta não é só sua arquitetura, é muito a sua engenharia. Nesse processo de simplificação e fusão de impostos, pode haver problemas muito sérios na hora de calibrar alíquotas. Há riscos de aumento da carga tributária e aumento da complexidade, dependendo de como vai ser feita a harmonização da legislação", alertou.

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