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Indústria mostra recuperação, afirma CNI

Vendas, emprego e horas trabalhadas aumentaram entre abril e maio. Número de vagas cresceu pelo quarto mês consecutivo

Por Agencia Estado
Atualização:

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quarta-feira indicadores que confirmem a recuperação da atividade. Segundo a pesquisa, as vendas reais tiveram uma expansão de 0,73% em maio ante abril (dados dessazonalizados). Em relação a maio de 2005, as vendas cresceram 4,55% e no quadrimestre 1,59%. O emprego industrial teve um crescimento de 0,46% sobre abril e de 1,14% em comparação a maio do ano passado. De janeiro a maio, as vagas cresceram 0,86% em comparação ao mesmo período de 2005. Esse é o quarto mês consecutivo de expansão do emprego industrial. As horas trabalhadas cresceram 1,19% em comparação a abril e 2,62% sobre maio de 2005. No período houve um aumento de 1,45% das horas trabalhadores ante igual período do ano passado. A utilização de capacidade instalada ficou estável em maio em 81,3% (dado dessazonalizado) ante 81% em abril e 81,6% em maio de 2005. Segundo a CNI, esse leve crescimento da capacidade instalada reflete a maior atividade industrial e contrasta com a forte queda do indicador observada ao longo de 2005. "Embora tenha apresentado crescimento em maio, o indicador de utilização da capacidade instalada está a 2,5 pontos porcentuais abaixo do valor recorde da série", destaca a CNI, ressaltando que os riscos de gargalos ao aumento da produção este ano parecem remotos. Para a entidade, os indicadores de maio mostram "coerência e amplitude da recuperação da atividade na indústria". Os quatro indicadores divulgados apresentaram crescimento e as vendas cresceram estimuladas pelo fortalecimento do consumo interno. A queda dos juros também proporciona melhores condições de crédito assim como o real desvalorizado frente ao dólar favoreceu o faturamento das empresas exportadoras. Resposta imediata Ao analisar os indicadores, Paulo Mol, da CNI, avaliou que o emprego industrial está respondendo prontamente ao crescimento da atividade do setor. "Esse não é fato comum. Geralmente, há uma defasagem (de alguns meses) entre a expansão da atividade na indústria e a geração de postos de trabalho", disse. Ele destacou que em períodos de maior produção, o impacto imediato tende a ocorrer sobre as horas trabalhadas e, apenas, num segundo momento, sobre o emprego industrial. Mas ao contrário dessa tendência, o emprego está crescendo simultaneamente à produção. A CNI acredita que esse fenômeno pode estar relacionado ao aumento dos investimentos. "O parque industrial se ampliou. Houve motivação para investir, o que influencia num aumento de contratações", destacou o gerente-executivo da unidade de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Mol destacou ainda como o principal indicador divulgado hoje o crescimento das horas trabalhadas, por ser o mais próximo da produção industrial. "O ritmo de crescimento é muito forte e impressionante", disse o economista. Segundo ele, a tendência é de manutenção da expansão das horas trabalhadas no setor, porque os estoques das empresas estão próximos do nível desejado (de ajuste). "A indústria terá de produzir para atender ao aumento de demanda", disse. Para o economista, esse indicador mostra que o crescimento do setor não é uma "bolha" e se manterá nos próximos meses. Demanda interna Mol disse ainda que a grande novidade deste ano é que a demanda interna tem sustentado o crescimento do setor, ao contrário do que ocorreu nos anos de 2002 a 2005. Nesse período, as exportações é que puxaram o crescimento da atividade industrial. O economista destacou que a contribuição líquida do setor externo (exportações menos importações) para o crescimento já é negativa no primeiro trimestre. "O que chama atenção nas contas nacionais é que o consumo das famílias está crescendo 4% ", destacou ele. Ele se mostrou muito otimista com o desempenho da indústria em 2006. Na avaliação dele, mesmo que as vendas reais tenham uma queda em junho motivada pela quantidade menor de dias úteis em conseqüência dos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo, isso não será um sinal de mudança na trajetória de crescimento que vem sendo verificada nos últimos meses. Investimento Mol avaliou ainda, ao comentar os indicadores industriais de meio divulgados hoje pela entidade, que os investimentos no parque produtivo que ocorrerem ao longo de 2005 afastaram riscos de gargalo à produção, tema muito debatido em 2004 e início de 2005. Para 2006, disse ele, são remotos os riscos de gargalos, "ainda que a atividade industrial seja mais intensa nos próximos meses". "Ainda estamos numa situação bastante confortável", avaliou, ao comentar o indicador de capacidade instalada da indústria, que se manteve estável em maio, apenas com um leve crescimento sobre abril, passando de 81% para 81,3%. Gastos públicos Já Castelo Branco avaliou que boa parte do crescimento da indústria em 2006 reflete o aumento dos gastos públicos do governo, principalmente dos benefícios sociais e despesas com o pagamento de pessoal. "O crescimento de 2006 está vindo do fôlego do gasto público de custeio, que injeta a demanda de curto prazo. São rendimentos familiares direcionados quase na sua totalidade para gastos com consumo", afirmou. Castelo Branco ressaltou, no entanto, que essa expansão com base no aumento dos gastos correntes tem prejudicado os investimentos públicos, principalmente em infra-estrutura logística, e "não acrescenta à capacidade futura de crescimento". Este texto foi atualizado às 16h17.

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