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Indústria naval contrata até cortador de cana

Com escassez de mão de obra, setor de petróleo tem demanda prevista de 17 mil trabalhadores capacitados até 2015

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla , Dayanne Sousa , Gabriela Lara e da Agência Estado
Atualização:

SÃO PAULO - Um dos desafios do setor de petróleo atualmente é a expansão na oferta de vagas de emprego, muitas vezes sem encontrar profissionais com a qualificação adequada, apontou o coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) e assessor da presidência da Petrobrás, Paulo Alonso.

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"Ontem (segunda-feira, 20), passei a manhã inteira com a presidente (da Petrobrás) Maria das Graças discutindo os desafios da indústria naval. Quem são os técnicos recrutados para trabalhar no (estaleiro) Atlântico Sul? Cortadores de cana", contou. "Esse cidadão está preparado para trabalhar em um estaleiro de nível quatro? Não. E é difícil para ele cidadão sair dali e ir para uma sala de aula."

Apesar dessa situação, Alonso ressalta que os presidentes dos estaleiros já enxergam que, em cinco anos, a indústria naval brasileira estará no nível da coreana.

A indústria de petróleo e gás brasileira vai demandar cerca de 17 mil empregados capacitados até 2015, segundo Alonso. Ele participou na terça-feira do evento Fóruns Estadão Brasil Competitivo "Educação e mão de obra para o crescimento".

Alonso destacou que a função do Prominp, criado pelo governo federal, é aumentar a participação dos fornecedores brasileiros de petróleo e gás. O programa forma profissionais para trabalhar na cadeia produtiva, em estaleiros, empresas de construção, montagem e engenharia.

Alonso falou sobre a dificuldade de se encontrar profissionais no setor. "Hoje, há muita oferta de vagas na indústria, inclusive para salários de R$ 15 mil a R$ 20 mil, que não são preenchidas e precisamos importar profissionais para essas vagas", completou.

Dificuldade. Outro obstáculo apontado por Alonso é a ampla segmentação entre as funções do setor. "Temos de sair dessas 185 funções, por exemplo, e chegar talvez a 25", disse ele, comparando com a situação da indústria nos Estados Unidos. Enquanto um funcionário no Brasil realiza apenas uma tarefa, em outros países está apto a desenvolver mais de uma etapa dentro da cadeia produtiva, o que aumenta a produtividade.

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Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirmou ainda que é "extremamente louvável e importante" que o setor privado se envolva na agenda de qualificação profissional.

Ele avalia que há equívocos no Pronatec, programa do governo para formação técnica. Segundo Lucchesi, é necessário estar à frente das necessidades do mercado. Um eletricista, na sua avaliação, não necessita de curso de formação básica para a função que aprendeu "tomando choque", mas sim de um curso compacto de automação, por exemplo.

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