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Indústria pode ir para o Paraguai para baratear energia

Por LEONARDO GOY
Atualização:

Os encargos que pesam sobre a tarifa industrial de energia podem fazer com que o Brasil perca para o Paraguai investimentos no setor de alumínio. Na análise de alguns industriais, pesa a favor do país vizinho a energia barata e abundante da metade de Itaipu a que o Paraguai tem direito. Energia essa que pode ser oferecida sem o grande cardápio de encargos e tributos que encarecem os mesmos megawatts do lado brasileiro."Há indústrias brasileiras que estão estudando ir para o Paraguai para produzir lá e exportar para o Brasil", disse o presidente-executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa. Segundo ele, o setor de alumínio está entre os que estudam a possibilidade de investir no Paraguai para se beneficiar do preço da energia de Itaipu.A eletricidade representa cerca de 35% do custo de produção do alumínio. Em um cenário em que, segundo a Abrace, a carga tributária sobre a tarifa de energia elétrica chega a 51,6%, a competitividade do setor fica ameaçada. "A tarifa industrial do Brasil é a terceira maior do mundo, perdendo apenas para as da China e Alemanha", disse o coordenador da Comissão de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Eduardo Spalding.O executivo da Abal confirmou que, por causa do alto preço da energia no Brasil, alguns investidores já analisam a possibilidade de instalar fábricas de alumínio fora do Brasil, em países como Trinidad e Tobago e Paraguai. A canadense Rio Tinto Alcan já anunciou que negocia a instalação de uma unidade de produção de alumínio no Paraguai.AcordoO Paraguai tem direito à metade dos cerca de 14 mil megawatts (MW) de potência instalada de Itaipu, mas, segundo Spalding, só consome 10% da energia a que tem direito. Assim, o governo conta, na prática, com um poderoso instrumento para atrair investimentos: excesso de energia barata disponível. O Brasil, além de enfrentar essa concorrência, negociou um acordo com o Paraguai - ainda não sacramentado pelo Congresso - para elevar de R$ 120 milhões para R$ 360 milhões o montante pago anualmente ao país vizinho pela energia excedente de Itaipu.Segundo Spalding, há 25 anos não se instala uma nova fábrica de alumínio no Brasil. Sem novos investimentos, o País dependerá de importações para suprir a expectativa da Abal de aumento do consumo. A entidade acredita que a demanda brasileira passará de 1,5 milhão de toneladas por ano para 2,5 milhão de toneladas anuais em até dez anos.Pedrosa, da Abrace, avalia que é preciso mais transparência nos cálculos das tarifas de energia, pois, além de caras, elas acabam sendo imprevisíveis. "O consumidor de energia paga um conjunto de políticas do governo, política social e até de relações internacionais", disse Pedrosa. Ele explicou que, além dos impostos normais, estão embutidos nas tarifas subsídios a consumidores de baixa renda, financiamento de programas como o Luz Para Todos, subsídios à geração de energia na Amazônia e até mesmo a conta de acordos internacionais com a Argentina ou o Paraguai.

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