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Indústria reaquece no primeiro trimestre, diz FGV

Nos três primeiros meses deste ano, em comparação aos três últimos de 2005, subiu de 8% para 18% os empresários que consideram a demanda como forte

Por Agencia Estado
Atualização:

A indústria segue tendência de reaquecimento no primeiro trimestre deste ano. É o que mostram os resultados da 159º Sondagem Conjuntural da Indústria da Transformação, anunciada nesta sexta-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), detalhando que, do indicador passado, divulgado no quarto trimestre do ano passado, para o deste mês, subiu de 8% para 18% a parcela dos entrevistados que consideram como forte a demanda atual. Ao mesmo passo, caiu de 22% para 16% a fatia dos que a consideram como fraca. Em comunicado, a FGV informou que "as avaliações sobre situação presente retratam um quadro semelhante ao do mesmo período do ano passado, de crescimento moderado da produção". Estoque O levantamento também mostrou que, subiu de 2% para 4% o porcentual dos entrevistados que acham insuficiente o nível de estoques atual, do quarto trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano. No mesmo período, permaneceu em 9% a parcela dos pesquisados que classificam como excessivo o nível atual de estoques. Outro dado positivo foi registrado na avaliação dos negócios, pelos entrevistados. Na passagem das duas pesquisas, subiu de 16% para 27% a parcela dos que consideram como boa a situação atual. No mesmo período de comparação, permaneceu em 20% a fatia dos pesquisados que classificam como fraco o cenário atual. A prévia dessa mesma pesquisa foi anunciada pela FGV no dia 12 de abril deste ano. O levantamento é trimestral, e abrange 933 empresas informantes, pesquisadas entre 31 de março e 25 de abril. Próximo trimestre Em comunicado, a fundação informou que "as previsões para o trimestre abril-junho de 2006 são, em média, mais otimistas que as da média histórica dos últimos dez anos, mas ainda menos favoráveis que as realizadas no mesmo período do ano passado". Segundo a FGV, caiu de 55% para 51% a parcela dos entrevistados que esperam aumento na demanda para o período trimestre, na passagem das duas sondagens. No mesmo período de comparação, permaneceu em 11% a fatia dos pesquisados que esperam diminuição na demanda. A FGV informou ainda que caiu de 58% para 54% a parcela dos entrevistados que esperam alta na produção. Ao mesmo passo, subiu de 10% para 17% o porcentual dos que esperam produção menor no segundo trimestre. Segundo a fundação, caiu de 29% para 27% a participação dos pesquisados que estimam nível de emprego maior. Além disso, subiu de 9% para 17% a parcela dos entrevistados que projetam nível de emprego menor. O economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), Aluisio Campelo comentou que a demanda forte nos primeiros três meses do ano foi um dos principais fatores a impulsionar os bons resultados das avaliações sobre o cenário atual, registrados pela sondagem. "Foi uma combinação de fatores (o bom cenário na situação presente). Mas é claro que a demanda é um fator importantíssimo nesse quadro todo", disse. Próximos seis meses As previsões para os próximos seis meses são mais otimistas, com aumento de 50% para 55% a fatia dos pesquisados que esperam melhora nos negócios para o período. As duas pesquisas ainda mostraram alta de 8% para 10% a fatia dos que esperam piora. De acordo com o economista, os empresários parecem estar mais otimistas com os resultados da indústria em um horizonte mais longo, referente aos próximos seis meses. Isso, na avaliação do técnico, combina com as previsões de crescimento da economia, que projetam um cenário melhor para o terceiro trimestre, na comparação com o desempenho do segundo trimestre. "A indústria está se recuperando. As avaliações sobre situação presente são melhores, em abril. Mas as previsões para os próximos três meses são mais fracas do que no ano passado", disse. "A indústria não está avaliando que a demanda vá crescer rapidamente (no segundo trimestre)", completou. Para o economista, isso reflete uma avaliação realista, por parte da indústria, de que o processo de reaquecimento da indústria será lento, e não atingirá todos os setores ao mesmo tempo, no curtíssimo prazo. Utilização da capacidade O nível de utilização da capacidade instalada da indústria da transformação registrou desaceleração, do quarto trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano, passando de 84,4% para 83,5%, com ajuste sazonal. De acordo com a FGV, ao se analisar os segmentos dentro da indústria da transformação, na série com ajuste sazonal, é possível notar que o setor de bens de consumo foi que registrou maior desaceleração no uso de capacidade instalada, passando de 82,8% para 78,4%, na passagem do quarto trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano. No mesmo período de comparação, também foi verificado porcentual menor no uso de capacidade instalada no segmento de bens intermediários (de 86,5% para 86,2%). Os outros dois segmentos que fazem parte da indústria da transformação registraram aceleração no nível de utilização de capacidade instalada, da sondagem anterior, referente ao quatro trimestre, para o levantamento anunciado nesta sexta. É o caso de bens de capital (de 78,6% para 81,2%); e material de construção (de 80,8% para 84,6%). Demanda e câmbio Segundo a FGV, quando questionadas sobre quais seriam os principais obstáculos à expansão da produção, o motivo mais mencionado foi o nível da demanda, com 23% dos entrevistados. Entretanto, esse resultado é positivo, visto que a parcela dos pesquisados que apontavam a demanda como fator limitante à produção era de 29%, na sondagem anterior (referente ao quarto trimestre de 2005). Ou seja, diminuiu a parcela dos pesquisados que citavam a demanda como obstáculo à expansão de produção. Em segundo lugar na pesquisa, para essa pergunta, ficou o quesito "outros obstáculos", com 9% de participação dos entrevistados. Dentro deste porcentual de 9%, a valorização cambial foi a mais lembrada. Segundo Campelo, a crescente substituição de importações, devido à valorização do Real ante o dólar, derrubam os negócios de setores têxtil, de vestuário e calçados. Com o dólar baixo, as importações invadem o mercado interno destes setores. Este texto foi atualizado às 15h30.

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