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Indústria supera consumo de energia residencial

Consumo das indústrias somou 7.304 gigawatts/hora em outubro do ano passado, enquanto o consumo residencial atingiu 7.206 GW/h no mesmo mês

Por Agencia Estado
Atualização:

As 600 indústrias que optaram pelo mercado livre de energia elétrica no Brasil já consomem mais energia do que as 50 milhões de residências conectadas ao sistema elétrico brasileiro. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal responsável pelo planejamento de longo prazo do setor no País, o consumo no mercado livre, onde o consumidor pode escolher de quem comprar a energia, sem se vincular às distribuidoras, somou 7.304 gigawatts/hora (GW/h) em outubro do ano passado, enquanto o consumo residencial atingiu 7.206 GW/h no mesmo mês. É natural que a indústria tenha um consumo maior que as residências, mas chamou a atenção o fato de serem 50 milhões de clientes ante apenas 600 empresas. Também vale destaque o fato de o consumo no mercado livre ter superado o das indústrias no mercado cativo, aquele onde os consumidores são obrigados a comprar a energia da distribuidora que atende sua região. Crescimento A indústria responde por 45% do mercado nacional e consumiu 13.216 GW/h em outubro, dos quais 7.304 GW/h no segmento livre, ou 55,26% desse total. Um ano antes, em outubro de 2005, a participação do segmento livre no consumo industrial era de 48,89%, com volume de 6.189 GW/h ante o total de 12.659 GW/h. Esses dados ilustram o forte crescimento do mercado livre de energia elétrica no Brasil, com expansão de 18% nos 12 meses encerrados em outubro, enquanto o mercado como um todo cresceu apenas 3,87%. Ao mesmo tempo o segmento cativo permaneceu praticamente estável, com expansão de apenas 0,15% em outubro em relação a outubro de 2005. Com a aceleração mais intensa mercado livre, em outubro seu consumo já representava 24,15% de todo o mercado de energia, isso considerando os setores industrial, residencial, comercial, rural e público (iluminação pública). Uma alta na participação de 2,9 pontos percentuais em relação aos 21,25% registrados em outubro de 2005. Os preços médios no mercado livre, que foram muito favoráveis até 2005, deram um salto no ano passado, sinalizando que o período de tarifas muito baixas pode ter ficado para trás. Conforme dados da Câmara de Comercialização de energia Elétrica (CCEE), no ano passado o preço da energia elétrica no mercado spot subiu para R$ 67,30 por MW/h, bem acima do observado em 2005, de R$ 28,88; em 2004, de R$ 19,03; e em 2003, de R$ 17,62. Mesmo assim, os preços de 2005 ficaram bem abaixo dos valores pagos pelas indústrias no mercado cativo, em que a tarifa média está em torno de R$ 206 por MW/h, incluindo encargos e impostos, segundo dados da Aneel. "Bem público" Criado no governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1995, com a Lei nº 9.074, o mercado livre de energia elétrica é visto de forma conflitante pelos principais integrantes do atual governo. O pensamento dominante, especialmente entre as grandes estatais e no Ministério de Minas e Energia (MME), é que a energia elétrica é um "bem público" e, por isso, a prioridade deve ser garantir o fornecimento ao setor produtivo, enquanto o segmento livre prioriza a questão dos preços. No final do ano passado, porém, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou a Resolução 247, abrindo espaço para ampliação desse segmento, seguindo movimento observado em várias partes do mundo. Em alguns países da Europa, por exemplo, até o consumidor residencial pode escolher a sua distribuidora de energia elétrica. Atualmente o mercado no Brasil está restrito ao setor industrial, mas com a resolução da Aneel outros segmentos, como supermercados, bancos e empresas de serviços, também deverão migrar para esse tipo de comercialização.

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