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Indústria teme acordos entre Petrobrás e China

Fornecedores brasileiros veem risco de invasão de produtos asiáticos

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Por Redação
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O acordo entre a Petrobrás e estatais chinesas tornou-se motivo de grande preocupação para fornecedores de bens e serviços para o setor petrolífero. Segundo comunicado divulgado pela estatal, uma das cláusulas do acordo prevê a avaliação de "possibilidades de prestação de serviços e fornecimento de materiais e equipamentos para a Petrobrás". Para a indústria nacional, a aproximação com fornecedores chineses pode abrir as portas para uma invasão de produtos daquele país. "É uma notícia extremamente preocupante, tendo em vista que a China vem assumindo postura predatória no mercado internacional", diz Elói Fernandez, presidente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), entidade que representa fornecedores de bens e serviços para o setor. "Eles já vêm tentando entrar no mercado brasileiro com preços irreais. A parceria com a Petrobrás pode abrir todas as portas", completa. A maior preocupação reside no fato de o acordo ter sido assinado com o banco de fomento chinês China Development Bank Corporation, espécie de BNDES local, que se comprometeu com empréstimo de US$ 10 bilhões à Petrobrás, em troca de fornecimento futuro de petróleo. Normalmente, lembram especialistas, bancos de fomento condicionam a concessão de empréstimos internacionais à garantia de mercado para produtos de seus países. O BNDES, por exemplo, financia compradores de jatos da Embraer, independente de sua nacionalidade, ou países que contratam empreiteiras brasileiras para suas obras de infraestrutura. "Esses empréstimos existem para garantir o desenvolvimento da indústria local e não há dúvida que nesse caso não será diferente", reforça o diretor executivo da área de óleo, gás e petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado. Os especialistas dizem que não há condições de concorrência com a indústria chinesa de equipamentos petrolífero, citando disparidades como custo de capital, carga tributária e política trabalhista, entre outros. Machado lista entre possíveis prejudicados os segmentos de válvulas industriais, bombas, tubos e equipamentos elétricos - áreas em que a China tem forte produção. O diretor da Abimaq, porém, diz que o acordo pode não ser prejudicial caso a Petrobrás opte por encomendar junto a chineses apenas produtos que não têm similar nacional. Outro atenuante é a inclusão, no acordo, de uma cláusula que prevê a busca de parcerias com empresas locais para a produção de equipamentos. Em seu plano estratégico, a estatal estipula uma meta de 65% de nacionalização de suas encomendas.

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