PUBLICIDADE

Publicidade

Alta da gasolina faz inflação ser percebida pelos principais grupos sociais; leia análise

Em 2021, ainda que os alimentos permaneçam com alta acumulada acima da inflação média, os energéticos passaram a ser os vilões da inflação

Por André Braz
Atualização:

No ano passado, o IPCA fechou com alta de 4,52%, acima da meta de 3,75% estabelecida para 2020. Mas a pressão inflacionária estava mais concentrada nos alimentos, que segundo o IPCA comprometem 21% do orçamento familiar e cujos preços subiram em média 14%, pressionando, principalmente, o orçamento doméstico de famílias de baixa renda. 

Em 2021, ainda que os alimentos permaneçam com alta acumulada acima da inflação média, agora de 12,41%, os energéticos roubaram a cena e passaram a ser os vilões da inflação. A gasolina e a energia elétrica, segundo o IPCA-15, subiram, respectivamente, 40,44% e 30,02% nos últimos 12 meses. Com esses movimentos, os energéticos respondem por quase 45% da inflação acumulada em 12 meses, que está em 10,34%. 

Em 12 meses, gasolina tem alta acumulada de 40,44%, a segunda maior do IPCA. Foto: Werther Santana/Estadão - 26/10/2021

PUBLICIDADE

Segundo o IPCA, 13,5% do orçamento familiar é comprometido pelas despesas com combustíveis, energia elétrica e gás. Entre estes, a gasolina ocupa duas posições de destaque, a segunda maior alta acumulada em 12 meses (40,44%) e o maior peso no orçamento familiar (6,09%).

Já o diesel, embora comprometa uma discreta fatia do orçamento familiar, 0,20%, possui grande capacidade de espalhar pressões inflacionárias. Ele compromete o preço do frete, da geração de energia e do transporte público.

O avanço no preço do barril de petróleo e a desvalorização cambial voltaram a impulsionar os preços dos combustíveis fósseis em outubro. Para as famílias de baixa renda, o gás de botijão, com alta de 35,18% em 12 meses, aparece como grande vilão. 

Já a gasolina, afeta diretamente o orçamento de famílias com renda mais alta, o que faz a inflação ser percebida por todos os principais grupos sociais.

Diante de tais fontes de pressão inflacionária, o IPCA de 2021 deve fechar em 9,4%, com os energéticos dominando a cena da inflação deste ano. 

Publicidade

Para 2022, a estimativa é de que a inflação desacelere e os preços subam em média 4,4%, movidos pela expectativa de recuo expressivo da energia a partir de maio de 2022, quando finalmente há possibilidade da prática de bandeiras tarifárias menos onerosas.

*É ECONOMISTA DO IBRE/FGV

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.