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Puxada pela carne, inflação acelera em novembro e fica em 0,51%

Sem a pressão das carnes, o IPCA teria sido de 0,30% em novembro, calculou o gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, Pedro Kislanov

Por Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - Sob a pressão do salto no preço da carne, mas também do aumento nos custos dos jogos de loteria e da energia elétrica, a inflação oficial no País acelerou para 0,51% em novembro, maior resultado para o mês desde 2015. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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“Obviamente, o choque de carnes é gigantesco, e há incerteza sobre o impacto. Há um risco para a inflação de curto prazo. Em dezembro, nossa projeção para o IPCA é de 0,78%, com 0,40 ponto porcentual de impacto só de carnes. Mas é um choque concentrado, com pouca contaminação para o resto da inflação, e que pode ter devolução a partir de janeiro”, avaliou Daniel Weeks, economista-chefe da gestora Garde Asset Management.

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 2,54% em outubro para 3,27% em novembro, permanecendo consideravelmente abaixo da meta de 4,25% perseguida pelo Banco Central (BC) este ano.

Para o fechamento de 2019, o Itaú Unibanco projeta uma inflação de 3,90%, sendo 0,60 ponto porcentual exclusivamente do avanço no preço das proteínas. A pressão do grupo de carnes é um choque de oferta que não contamina o quadro geral do nível de preços nem altera a expectativa de que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, a Selic, argumentou a economista do banco, Júlia Passabom.

“A divulgação da inflação de hoje (ontem) corrobora nossa expectativa de que o BC promova mais um corte de 0,50 ponto na Selic na reunião da próxima semana, porque tivemos uma alta concentrada nesse choque das carnes”, pontuou Julia, que espera dois novos cortes adicionais de 0,25 ponto na Selic em 2020, com a taxa básica de juros encerrando o ano que vem a 4,0%.

Em novembro, o avanço de 8,09% no preço das carnes foi o principal motor da inflação ao consumidor no mês, uma contribuição de 0,22 ponto porcentual. O aumento foi o mais acentuado desde novembro de 2010, quando as carnes subiram 10,67%.

Alta demanda

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“A situação no momento é uma demanda alta da China pela carne brasileira. Foi principalmente carne bovina. As outras também foram influenciadas, porco e frango, mas o grande destaque foi a carne bovina”, frisou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

A carne de porco subiu 3,35% em novembro, enquanto o frango inteiro aumentou 0,28% e o frango em pedaços subiu 0,34%. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um avanço de 0,05% em outubro para elevação de 0,72% em novembro.

“Sem as carnes, alimentação e bebidas teria registrado uma queda de 0,18%. Realmente o que pesou mesmo foram as carnes. Tomate, batata e cebola caíram cada um mais de 10%”, ressaltou Kislanov.

Sem a pressão das carnes, o IPCA teria sido de 0,30% em novembro, calculou Kislanov. Devido ao encarecimento da proteína bovina, os alimentos para consumo no domicílio interromperam uma sequência de seis meses consecutivos de quedas de preços, com um avanço de 1,01% em novembro.

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Também foram destaques no mês os avanços de tarifas dos jogos, que subiram 24,35% em novembro, e da energia elétrica, que aumentou 2,15%. Como consequência, as despesas mais elevadas das famílias com Alimentação, Habitação e Despesas Pessoais responderam por 82% da inflação de novembro. A alta no IPCA do último mês foi concentrada, cada um dos três grupos com maior pressão de preços teve um fator principal de alta, apontou Pedro Kislanov.

“Não teve tanto efeito de demanda especificamente (sobre a inflação), a demanda está relativamente estável. Apesar de os últimos resultados do PIB (Produto Interno Bruto) terem mostrado que o aumento no consumo das famílias vem sendo consistente”, completou o gerente do IBGE./ COLABORARAM CÍCERO COTRIM E THAÍS BARCELLOS

O centro da meta da inflação para o ano de 2019, feita pelo Banco Central, é de 4,25% Foto: JF Diório/Estadão
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