O levantamento mostrou uma queda de 2,4% em relação a agosto e de 34,5% em relação a setembro de 2014, determinada menos por emprego e renda e mais pela pouca disposição de compra, ainda que à custa do comprometimento do padrão de vida. Composta por sete quesitos, a ICF mostrou que o item emprego atual ainda está no campo positivo, com 106,9 pontos, sendo 100 a linha de corte que divide pessimismo de otimismo. A queda anual foi de 18,8%, muito inferior à média. Os quesitos perspectiva profissional (-17,8%) e renda atual (-28,4%) também caíram abaixo da média, mas nesses casos estão no campo negativo, com 98,7 pontos e 96,9 pontos, respectivamente.
Nas comparações anual e mensal as quedas são muito intensas nos itens compra a prazo (3,2% no mês e 37,4% anual), nível de consumo atual (-3,9% e -41%), perspectiva de consumo (-5,5% e -50,4%) e momento para duráveis (-3,4% e -51,8%).
O desânimo que era mais forte no Sudeste chega aos mercados do Norte e do Nordeste, afetados pelo enxugamento ou pela suspensão de programas de benefícios federais, como Bolsa Família e Minha Casa Melhor, notou a economista da CNC Juliana Serapio.
Preços em alta agravam os problemas. A inflação de 0,39% no IPCA-15 de setembro, do IBGE, e de 9,57% em 12 meses é forte, disseminada (o índice de difusão é de 67,4%, indicando que dois em cada três itens registraram aumento de preço) e não tem origem só nos preços administrados (com alta de 16,14% em 12 meses), mas também nos livres. A inflação de serviços foi de 0,66% entre 16/8 e 15/9 e de 8,3% nos últimos 12 meses. Pagando mais pelos itens consumidos do que recebendo nos reajustes salariais, o consumidor tem de cortar despesas. A situação é ainda pior nos casos de desemprego.
A inflação, de fato, já não está nos patamares do início do ano. Em fevereiro, o IPCA-15 subiu 1,33%; em março, 1,24%; e em abril, 1,07%. Mas, num processo recessivo tão agudo, o nível corrente de inflação não permite alívio nenhum