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Inflação baixa em janeiro abre espaço para novo corte de juros em março, avalia mercado

Banco Central informou nesta quarta que corte de 0,25 ponto porcentual em fevereiro encerraria o ciclo de arrocho da taxa de juros básica

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA - A divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, que revelou uma taxa inferior até mesmo às previsões mais baixas do mercado, reacendeu, na opinião de economistas, a possibilidade de nova queda da taxa básica dos juros - uma porta que o Banco Central (BC) parecia ter fechado na decisão desta quarta-feira - ou, ao menos, abriu espaço para a Selic seguir no atual patamar por um período mais prolongado.

Medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA de janeiro, com alta de apenas 0,29% - quando as estimativas colhidas pelo Estadão/Broadcast indicavam um avanço de, no mínimo, 0,33% - não só trouxe o menor índice para o mês desde a criação do Plano Real, como mostrou, conforme cálculos da CM Capital Markets, que todos os núcleos que compõem o índice perderam força frente a dezembro.

Reunião do Copom Foto: Beto Nociti/Banco Central

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Logo após o anúncio do dado, economistas passaram a considerar que, a despeito dos reajustes nas mensalidades escolares, a inflação pode voltar a surpreender para baixo em fevereiro, o que joga a favor de juros menores.

A taxa de juros Selic, taxa básica da economia, é usada pelo Banco Central como ferramenta para calibrar a inflação. Assim, quando há perspectiva pressão inflacionária, os técnicos do BC ampliam a taxa, como forma de segurar o consumo e reduzir a demanda pelo consumo. Do contrário, como se vislumbra agora, a tendência é arrocho nos juros.

'Chegou ao fim'. Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) indicar que, salvo uma mudança de cenário, o ciclo de flexibilização dos juros chegou ao fim, o IPCA, índice oficial para a inflação, mostrou, na opinião de parte dos economistas, que o colegiado pode ainda ter alguma gordura para reavaliar essa postura.

"Está se caminhando a passos largos para mudar o cenário básico do BC, que ontem deixou a porta levemente aberta para um corte adicional em março", diz o economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks. 

O especialista observa que a melhora nos núcleos e demais aberturas do IPCA, como os serviços subjacentes, um fator importante na condução da política monetária, sugere mudança no cenário do BC, condição colocada pela própria autarquia para cortar um pouco mais a Selic. 

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Para Weeks, os juros devem cair para 6,5% na reunião do Copom marcada para março.

A possibilidade de o colegiado voltar a reduzir a taxa, após derrubá-la ontem para 6,75% ao ano, segue sendo, no entanto, baixa na opinião da maioria dos analistas.

Solange Srour Chachamovitz, economista-chefe da ARX Investimentos, afirma que, para o BC prosseguir a distensão monetária, a reforma da Previdência também terá que ser aprovada neste ano, uma possibilidade que o mercado trata hoje como improvável. Ela avalia, no entanto, que o resultado do IPCA de janeiro pode dar sustentação para a Selic seguir em 6,75% por mais tempo que o imaginado.

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Em sua conta no Twitter, o presidente Michel Temer (MDB) comemorou a queda da inflação no mês passado, mais uma prova, segundo ele, de que o Brasil deixou a maior recessão da história para trás. Economistas avaliaram, porém, que a baixa variação dos preços ainda reflete a situação de alta ociosidade na economia.

Segundo o economista-chefe da Bradesco Asset Management (Bram), Marcelo Toledo, a ociosidade elevada tem propiciado o bom comportamento da inflação subjacente, como as medidas de núcleo e os serviços subjacentes, que estão ao redor de 3,50%. E esse cenário indica que a inflação deve permanecer baixa ao longo deste ano. A casa espera que o IPCA terminará 2018 em 3,80%, ainda distante do centro da meta de 4,5%. (Thaís Barcellos, Maria Regina Silva, Carla Araújo, Daniela Amorim e Eduardo Laguna)