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Inflação 'baixa' libera ação do BC no câmbio

Banco Central intensificou desde a semana passada as compras da moeda estrangeira em leilões diários, fazendo o dólar se aproximar de R$ 1,90

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Por Adriana Fernandes e FERNANDO NAKAGAWA/ BRASÍLIA
Atualização:

O recuo da inflação abriu espaço para o Banco Central ser mais agressivo na compra de dólares para sustentar uma cotação mais elevada, favorável à indústria brasileira. Segundo fontes do governo, a evolução recente da inflação facilitou uma ação mais forte do BC que, desde a semana passada, intensificou as compras da moeda estrangeira em leilões diários, em vários momentos realizados duas vezes por dia. Os leilões do BC têm sustentado a cotação da moeda americana acima de R$ 1,85, que já chegou nos últimos dias próxima ao patamar de R$ 1,90. Somente na semana passada, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu para 9% a taxa de juros, o BC comprou US$ 4,12 bilhões, volume superior a todas as compras de dólares feitas no primeiro bimestre: US$ 842 milhões em fevereiro e US$ 3 bilhões em março. A partir de abril, quando ficaram mais claros os sinais de queda forte da inflação do que o inicialmente previsto, o BC aumentou a intervenção no mercado de câmbio, que até sexta-feira (último dado disponível) somavam US$ 5,54 bilhões. Ao longo desta semana, o BC continuou com uma atuação forte no mercado à vista de dólar. Aos poucos, segundo apurou o Estado, o governo está sinalizando que quer e vai agir para consolidar um patamar da taxa de câmbio acima de R$ 1,80. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem repetido que o dólar a R$ 1,80 é razoável, mas não ideal para a indústria brasileira. Riscos. O governo não vê risco da alta do dólar se transformar mais à frente num problema para inflação. A avaliação é de que a transferência da variação do câmbio para os preços, no jargão econômico chamado de "pass through", é hoje bem menor do que no passado. Além disso, embora o câmbio mais alto encareça os importados, os preços no mercado internacional estão mais baratos. A atividade econômica mais fraca no primeiro trimestre e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) muito abaixo do seu potencial tem ajudado no processo de queda da inflação e o governo não observa pressão de demanda. O cenário de estabilidade com tendência de queda dos preços das commodities ajuda no processo de convergência da inflação para o centro da meta de 4,5%.

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