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Inflação da China em 2014 fica perto de mínima em 5 anos

Inflação ao consumidor em 2% ao ano preocupa analistas, pois desestimula investimentos e liga alerta sobre risco de deflação

Por André Ítalo Rocha
Atualização:

Em meio a um momento de desaceleração da sua economia, a China começa 2015 com uma notícia considerada preocupante pelo mercado: a inflação para o consumidor ficou em 2,0% em 2014, o menor nível desde 2009, quando houve deflação de 0,7%. O resultado fez com que vários economistas ligassem o sinal de alerta e sugerissem a adoção de medidas que busquem causar pressões inflacionárias.

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"Nós acreditamos que as autoridades chinesas precisam estar atentas para o risco de deflação", escreveram analistas do banco ANZ, em nota a clientes. Em eles acreditam que esta é uma boa oportunidade para o governo promover reformas que elevem os preços de segmentos ligados a energia, água e utilitários, que se somariam às medidas de relaxamento monetário adotadas em novembro do ano passado.

O analista Haibin Zhu, do JPMorgan, disse que uma inflação baixa desestimula os investimentos das empresas e significa que as taxas de juros estão muito altas. "A China deveria perceber que preços mais baixos podem ser muito ruim para a economia", afirmou. Larry Hu, da Macquarie, seguiu a mesma linha e declarou que "sem alta de preços, os negócios tem poucos incentivos para investir e o peso das dívidas torna-se mais difícil de suportar".

Hu lembrou, porém, que índices baixos de inflação têm sido uma tendência mundial. "Se você perguntar a qualquer economista do mundo, não somente na China, todos dirão que a maior surpresa de 2014 foi uma inflação abaixo da expectativa. É um problema maior no Japão e na zona do euro", afirmou. O analista espera que o Banco do Povo da China (PBoC) anuncie um corte de juros em março, quando os dados dos dois primeiros meses darão sinais mais claros de como está a conjuntura econômica.

Apesar do corte de juros anunciado em novembro, os formuladores de política econômica estão mais propensos a tomar medidas mais específicas, preferindo liberar mais recursos para determinados setores, como pequenas empresas e produtores agrícolas. Eles temem que uma ferramenta mais amplia de estímulo direcione mais crédito para as áreas em que já existe um excesso de recursos, agravando problemas como a queda de preços na indústria pesada.

"O risco de deflação na China abre espaço para que o país adote mais medidas de estímulo", disse Ma Xiaoping, do HSBC. Zhu, do JP Morgan, afirmou que não acredita que o índice de preços ao consumidor vire para o terreno deflacionário, mas espera que o índice de preços ao produtor continue em queda. (Com informações da Dow Jones Newswires)

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