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Inflação de 3,6% é recorde na UE

Alimentos e energia provocam maior alta na região em 16 anos

Por Jamil Chade
Atualização:

Pressionada pelos custos de alimentos e energia, a inflação na Europa atinge novos recordes e registra o maior nível nos últimos 16 anos. Dados divulgados ontem em Bruxelas indicam que a inflação de março ficou em 3,6%, bem acima do teto de 2% estipulado pelo Banco Central Europeu (BCE) como a taxa máxima aceitável no bloco. Os principais responsáveis pela alta de março foram os combustíveis, aquecimento, latícinos e pão. Alguns países chegaram a ter altas de 16%. "Isso, obviamente, é uma preocupação para a Europa", disse ontem a porta-voz da Comissão Européia, Amélia Torres. "Estamos longe de estar contentes com isso." Para evitar que o problema se torne ainda maior, a União Européia (UE) pede que as centrais sindicais evitem exigir reajustes de salários por enquanto. Isso, na avaliação da UE, provocaria uma proliferação da inflação por todos os setores da economia. Para Bruxelas, os trabalhadores somente devem pedir correção com base no aumento de produtividade. A Letônia, por exemplo, teve uma inflação de 16,6%, ante 13,2% na Bulgária e mais de 11% na Estônia e na Lituânia. Além de provocar descontentamento entre os consumidores desses países, a taxa vai impedir que essas economias passem a usar o euro no futuro próximo. Uma das condições para a adoção da moeda única européia é manter a inflação sobre controle. Entre os chamados "tradicionais" membros da UE, a maior preocupação é com a Espanha, com uma inflação de 4,6%. Os alemães também apresentaram suas taxas de inflação ontem e apontaram para uma alta preocupante de 3,1%. Só o preço dos combustíveis na Alemanha aumentou 40% desde o ano passado. Já a Holanda conseguiu manter sua taxa em aenas 1,9%, a mais baixa em toda a Europa. Uma preocupação central ainda é o valor dos alimentos para os consumidores, algo que preocupa a todos os políticos europeus que tentam a reeleição nos próximos meses. Os alimentos tiveram alta de 6,2% em março em comparação ao mesmo período de 2007. Só o leite subiu 14,3%, o pão 9% e as frutas, 8%. Excluindo alimentos e combustível, a inflação teria ficado dentro das metas da UE, em 2%. Por enquanto, o BCE mantém a previsão de um crescimento da economia em 1,8% para este ano. Mas, com a pressão inflacionária, os xerifes das finanças na Europa não poderão reduzir o juro para incentivar a economia, como fizeram os Estados Unidos. NÚMEROS 2% é o teto estabelecido pelo Banco Central Europeu (BCE) 6,2% foi a alta registrada pelos alimentos em março em comparação ao mesmo período do ano anterior 1,8% é a previsão de crescimento da economia da UE este ano

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