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Inflação deixa consumidor apreensivo nos EUA

Por BURTON FRIERSON
Atualização:

A confiança do consumidor nos Estados Unidos caiu em maio para o menor nível em 28 anos, por causa do aumento das expectativas de inflação, ao mesmo tempo em que o crescimento dos gastos e dos preços diminuiu no mês passado, mostraram dados divulgados nesta sexta-feira. Os números reforçam o dilema do Federal Reserve, que aliviou a política monetária para proteger a economia enquanto apostava que a desaceleração em curso frearia a inflação. A pesquisa da Reuters e da Universidade de Michigan mostrou que o índice de confiança do consumidor caiu para de 62,6 em abril para 59,8 em maio --menor nível desde junho de 1980. Dados do governo mostraram que o aumento dos preços teve alívio em abril. Mas a expectativa de inflação no curto prazo, segundo o relatório, saltou para o maior nível desde a estagflação do começo dos anos 1980, e a projeção de inflação no longo prazo atingiu o maior patamar desde 1995. "Os consumidores estão assustados. Esses dados de preços são ruins para os consumidores e para as empresas", disse David Wyss, economista-chefe da Standard & Poor's Ratings Services, em Nova York. "Não vamos ver a economia melhorando no curto prazo. Ainda estamos nos estágios iniciais de uma recessão." O índice de confiança do consumidor ficou um pouco acima da mediana das expectativas de Wall Street, que era de 59,5. O núcleo do índice de preços do relatório de gastos pessoais teve alta de 0,1 por cento em abril, após 0,2 por cento em março. Mas o número --medida favorita de inflação do Fed-- mostrou que a inflação anual continuou em 2,1 por cento. Isso ainda está acima da zona de conforto do Fed, que acaba em 2 por cento. CONTRAÇÃO Os gastos pessoais subiram 0,2 por cento em abril, conforme previsto, mas o resultado com ajuste de inflação foi estável. Os gastos haviam subido 0,4 por cento em março. Segundo o Departamento de Comércio, a renda pessoal avançou 0,2 por cento em abril, após aumento revisado para cima de 0,4 por cento em março. Com ajuste de inflação, a renda após tributos permaneceu estável pelo segundo mês seguido. O relatório de Michigan contrastou com os dados de inflação do governo. A expectativa de inflação anual subiu de 4,8 por cento em abril para 5,2 por cento --maior nível desde fevereiro de 1982. Já a expectativa de inflação nos próximos cinco anos saltou para 2,4 por cento, maior patamar desde abril de 1995. O relatório salienta a preocupação de que os EUA possam estar entrando em um período de estagflação como o do final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, caracterizado pela economia fraca e pela inflação acelerada. Em outro sinal de apatia econômica, a atividade empresarial no Meio-Oeste dos Estados Unidos se contraiu em maio pelo quarto mês consecutivo, ainda que a taxa de retração tenha diminuído. O índice do NAPM de Chicago subiu de 48,3 em abril para 49,1 em maio, mas continuou abaixo do nível de 50,0 que indica contração. Em mais sinais de problemas para um Fed ansioso em convencer os norte-americanos de que a inflação está sob controle, o relatório de Michigan mostrou que 55 por cento da população, número recorde, avaliam a política econômica do governo como "fraca". (Reportagem adicional de Richard Leong)

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