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Analistas pioram projeções para inflação e PIB e apostam em aumento de 1,5 ponto na Selic

Segundo o boletim Focus, o IPCA deve fechar este ano em 10,19% e chegar a 5,02% em 2022, com dois anos seguidos de descumprimento da meta

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Por Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - A maioria das projeções de economistas do mercado financeiro para o IPCA, o índice oficial de inflação, de 2022 já se encontra acima do teto da meta a ser perseguida pelo Banco Central, de 5%, o que sinaliza alto risco de descumprimento do objetivo pelo segundo ano consecutivo. A previsão colhida pelo Banco Central para o boletim Focus subiu de 5,00% para 5,02%, o 20.º aumento consecutivo. Há um mês, a previsão era de 4,63%.

Para 2021, a estimativa também seguiu sua escalada, passando de 10,15% para 10,19% - a 35.ª alta seguida - e já supera em quase 5 pontos porcentuais o teto da meta deste ano (5,25%). A estimativa era de 9,33% há quatro semanas. 

Sede do Banco Central, em Brasília; estimativa para a inflação deste ano já supera em quase 5 pontos porcentuais o teto da meta, de 5,25%. Foto: Dida Sampaio/Estadão - 3/12/2021

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Se confirmada a estimativa, essa será a primeira vez que a inflação atinge esse patamar desde 2015 - quando o IPCA somou 10,67% - no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a Selic, a taxa básica de juros da economia.

O relatório também vem mostrando sinais de desancoragem em horizontes mais longos. A expectativa para o IPCA em 2023 subiu de 3,42% para 3,50%, enquanto para 2024 a mediana continuou em 3,10%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,27% e 3,10%, respectivamente. A meta para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Para 2024 o objetivo é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).

No comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de outubro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 9,5% em 2021, 4,1% em 2022 e 3,1% em 2023. 

PIB

O relatório mostrou nova deterioração no cenário de crescimento econômico do Brasil. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 foi de 4,78% para 4,71%. Há quatro semanas, estava em 4,93%. Para 2022, a projeção segue em franca piora. Nesta divulgação, a estimativa de expansão do PIB recuou de 0,58% para 0,51%. Há um mês, estava em 1%.

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Para 2023, a projeção de crescimento também cedeu, de 2% para 1,95%. Já para 2024, a estimativa subiu de 2,00% para 2,10%.

Taxa básica de juros

Os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a taxa básica da economia no fim de 2021 em 9,25% e de 11,25% para o fim de 2022.

De acordo com pesquisa do Projeções Broadcast, o mercado está em linha com o "plano de voo" do Banco Central para a reunião desta semana do Copom. De 51 instituições ouvidas, todas preveem mais um aumento de 1,50 ponto porcentual na Selic, para 9,25%. Para o fim do ciclo de aperto monetário, 27 de 46 instituições preveem juros em 11,75% ou mais. Outras 19 esperam Selic terminal entre 10% e 11,50%.

Em outubro, o BC elevou a taxa Selic para 7,75% ao ano. Foi a sexta elevação seguida. Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa subiu para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Em agosto, a taxa subiu para 5,25% ao ano e, em setembro, para 6,25% ao ano.

No Boletim Focus, a estimativa para a taxa Selic no fim de 2023 passou de 7,75% para 8,00%, ante 7,50% há quatro semanas. Para 2024, ficou em 7%.