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Inflação do aluguel recua 0,74% em junho, a maior queda em 11 anos

Queda foi mais forte que o esperado pelos analistas do mercado financeiro; em 12 meses, IGP-M acumula alta de 6,24%

Por Mário Braga e Maria Regina Silva
Atualização:

Atualizada às 16h30

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O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) aprofundou a deflação de 0,13% em maio para o declínio de 0,74% em junho, divulgou nesta sexta-feira, 27, a Fundação Getúlio Vargas (FGV). É a maior variação negativa desde junho de 2003, quando o declínio foi de 1,00%. Essa retração de 0,74% é a mesma registrada em março de 2009. 

O IGP-M de junho caiu mais que o esperado pelos analistas do mercado financeiro consultados pela Agência Estado. As previsões que iam de declínio de 0,50% a 0,67%.

A variação acumulada do IGP-M no ano é de 2,45% e, em 12 meses até junho, de 6,24%. O resultado acumulado do IGP-M é usado no cálculo de reajuste nos preços dos aluguéis.

Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o IPA-M saiu de retração de 0,65%, em maio, para declínio de 1,44%, em junho. Na mesma base de comparação, o IPC-M saiu de alta de 0,68% para variação positiva de 0,34%. Já o INCC-M desacelerou de 1,37% para 1,25%.

Previsões erradas. O recuo mais forte nos preços do atacado de maio para junho foi oresponsável pelo desvio nas expectativas do mercado para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) do sexto mês do ano, conforme economistas consultados pelo AE Projeções. Segundo eles, a queda de 0,74% do IGP-M de junho (de -0,13% em maio) apurada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) pode ter atingido o limite este mês e a tendência é de baixas menos significativas nos próximos IGPs. 

O resultado do IGP-M ficou fora do intervalo das estimativas das 35 instituições do mercado que participaram do levantamento do serviço especializado do Broadcast, de queda de 0,50% a 0,67%, com mediana negativa de 0,60%.Segundo os analistas, a deflação tanto do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) Agropecuário como do IPA Industrial surpreenderam. Os subíndices, que apuram os preços no atacado, tiveram baixas de 3,73% (de -0,68% em maio) e de 0,55% (de -0,64% em maio). 

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O IPA cheio, por sua vez, teve declínio de 1,44%, após retração de 0,65%.Para o economista Étore Sanchez, da LCA Consultores, que previa deflação de 0,66% para o IGP-M do sexto mês do ano, o IPA Industrial apresentou um recuo mais intenso, de 0,55%, que o esperado por ele, de 0,42%. "Foi por causa dos minerais metálicos", justificou. Os produtos metálicos tiveram retração de 4,65%, enquanto a LCA projetava uma baixa de 4,22%. 

"Tem ainda um pouco de reflexo de alimentos e bebidas, cuja queda de 0,13% veio aquém do que esperávamos (alta de 0,30%)", completou Sanchez.Sanchez também admite que não contava com quedas mais expressivas de alguns alimentos ao produtor, principalmente do milho e do tomate, que cederam 8,88% e 28%, respectivamente. A expectativa do economista para o cereal era declínio de 8,40% e de baixa de 25% para o tomate. 

"No geral, o IPA Agro intensificou a deflação por conta das quedas de milho, trigo, feijão, batata-inglesa, mandioca, tomate, abacaxi, algodão, cana-de-açúcar, uva, café, laranja, leite in natura, ovos, suínos e aves", disse. "Alguns relatórios têm mostrado um cenário positivo para a safra de milho e os preços estão caindo. Já quanto ao tomate, é recomposição da oferta, e a transmissão do atacado para o varejo é praticamente instantânea", explicou.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, que projetava recuo de 0,56% para o IGP-M de junho, conta que não houve nenhuma surpresa em temos de tendência do dado, mas disse que a deflação dos produtos agrícolas e dos preços industriais vieram um pouco mais acentuadas do que o esperado. "Em relação aos alimentos (ao produtor), a margem de erro é menor, pois temos as coletas. 

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Já quanto aos industriais é um pouco mais difícil de projetar. Como os dois vieram negativos, um não consegue compensar o outro, o que acaba reforçando a queda", disse.Os economistas acreditam que o próximo IGP a ser divulgado, que é o IGP-DI de junho, na terça-feira que vem (8), deve mostrar um resultado parecido com o do IGP-M do sexto mês de 2014, mas a tendência é de quedas cada vez menos intensas. "Atingiu a mínima no IGP-M", disse Etore Sanchez da LCA. "Pelas coletas acho que a queda vai perder força. Talvez o IGP-DI tenha uma taxa parecida com a do IGP-M", reforçou Souza Leal, do ABC Brasil.

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