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'Inflação do aluguel' cai 1,10% em abril e fica no menor patamar desde 1989

Deflação neste mês sucede a ligeira alta de 0,01% em março; preços no atacado tiveram maior impacto

Foto do author Thaís Barcellos
Por Thaís Barcellos (Broadcast) e Maria Regina Silva
Atualização:

 SÃO PAULO - O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), indicador que é usado como referência para o reajuste dos aluguéis, teve uma queda de 1,10% em abril, depois da ligeira alta de 0,01% em março. Segundo a Fundação Getulio Vargas, responsável pelo índice, é o resultado mais baixo da série histórica iniciada em 1989.

Segundo André Braz, pesquisador do Ibre/FGV, a deflação este mês foi puxada principalmente pelos preços no atacado. O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo, um dos indicadores que compõem o IGP-M) teve queda de 1,77% no mês, também a maior da série histórica.

IGP-M de abril fica em -1,10% ante 0,01% em março Foto: Werther Santana|Estadão

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De acordo com Braz, 60% dos componentes do IPA tiveram queda, o que, segundo ele, dá maior segurança de que a inflação está sob controle, permitindo ao Banco Central (BC) cortar mais a taxa de juros. “Esses efeitos ainda vão chegar ao consumidor. O contexto geral é de alívio, e é isso que o BC avalia. Abre espaço para queda maior dos juros”, avalia.

A expectativa de Braz é que a descompressão dos preços dos grãos no atacado já traga alivio para o varejo no indicador de maio, fazendo com que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC, outro dos componentes do IGP-M)) fique na faixa de 0,30%. Em abril, a variação foi de 0,33%. “Daqui para frente, a queda de braço será entre energia e alimentos”, estima.

Espera-se que a queda registrada em tarifa de eletricidade residencial, de 1,73%, depois de alta de 4,15% em março, fique para trás ou não seja tão expressiva, em razão do fim do efeito de baixa da devolução da cobrança indevida da usina de Angra 3 no passado.

Câmbio. Na avaliação da consultoria Rosenberg Associados, o alívio recente no IGP-M está relacionado com a volatilidade internacional das commodities e com a taxa de câmbio. A expectativa da consultoria é que o indicador feche o ano em 3,20%, ficando bem abaixo da alta de 7,17% em 2016. Caso a projeção para o dado deste ano seja confirmada, será a mais baixa desde 2009, quando o IGP-M recuou 1,72%, conforme dados da série histórica da FGV.

A consultoria diz que deflação de março deveu-se ao aprofundamento da queda dos preços no atacado, com destaque para recuo nos valores dos grãos e do minério de ferro, além de declínio nos preços dos combustíveis. Lembra ainda que a alta nos alimentos, que exerceu elevada influência na virada de 2015 para 2016, ganhou fôlego em meados do ano passado e foi repassada para o varejo. Contudo, esse movimento vem sendo revertido nas leituras recentes dos índices de preços ao consumidor (IPCs), já que o desemprego e a recessão vêm limitando repasses de alta para o varejo.

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Já no primeiro trimestre de 2017, o IGP-M registrou variações bastante amenas, cita relatório da consultoria, que esperava certa aceleração na margem nos IGPs no segundo trimestre. “Contudo, a safra recorde derrubou o preço dos grãos e a manutenção do câmbio em patamar mais valorizado do que o observado no ano passado culminaram em recorde deflacionário no mês de abril. Com isso, passamos a projetar taxa de 3,2% para o IGP-M em 2017.”

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