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Inflação dos EUA está sob controle, mas a confiança cai

Por DAVID LAWDER
Atualização:

A inflação estava sob controle em julho e as fábricas dos Estados Unidos estavam mais ocupadas do que o previsto, segundo dados econômicos divulgados nesta sexta-feira, mas outros números mostraram que a confiança do consumidor norte-americano piorou em agosto e a perspectiva para o crescimento econômico diminuiu. Mas os mercados e analistas deixaram de lado estes dados, apara se focar, ao invés disso, em um discurso do chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, e no anúncio do presidente George W. Bush sobre propostas para ajudar a socorrer donos de casas com hipotecas de alto risco, a fim de que possam manter suas moradias. Bernanke disse que o Fed está pronto para agir o quanto for necessário para limitar o impacto da turbulência financeira na economia, mas não vai ajudar os investidores que tomaram decisões erradas. "O comitê continua a monitorar a situação e vai agir à medida que for necessário para conter os efeitos adversos na economia em geral que podem surgir das turbulências nos mercados financeiros", afirmou Bernanke em discurso em um simpósio organizado pelo Federal Reserve de Kansas City. Já Bush disse que a Administração Habitacional Federal (FHA, na sigla em inglês) deve lançar em breve uma nova iniciativa para permitir aos proprietários de imóveis que tenham bom histórico financeiro, mas que não estejam conseguindo honrar os pagamentos atuais, refinanciar suas hipotecas seguradas pelo órgão. A mudança permitiria que mais mutuários com bons históricos de pagamentos entrassem no programa de empréstimos da FHA. Bush também prometeu redobrar esforços para persuadir o Congresso a apoiar a reforma na FHA. DADOS ECONÔMICOS O núcleo de preços ao consumidor norte-americano subiu um pouco menos que o esperado em julho. Enquanto isso, a renda e os gastos do trabalhador aumentaram e as encomendas industriais excederam as expectativas, segundo relatórios do governo. O índice --uma das medidas de inflação preferidas do Federal Reserve-- subiu 0,1 por cento em julho, mostrando uma estabilidade dos custos que manteve a inflação anual excluindo alimentos e energia em 1,9 por cento pelo segundo mês seguido, informou o Departamento de Comércio nesta sexta-feira. Analistas consultados pela Reuters esperavam que o núcleo do índice de preços PCE (sigla em inglês) subisse 0,2 por cento. O ganho do indicador em junho na comparação com maio foi revisto para 0,2 por cento de alta, ante o aumento de 0,1 por cento inicialmente informado. "Não parece que a precificação das pressões esteja saindo de controle", disse George Davis, estrategista financeiro da RBC Capital Markets, em Toronto. Embora analistas tenham dito que os dados de inflação dão algum espaço para o Fed cortar a taxa básica de juros para evitar uma crise no crédito, os outros dados sugerem que a economia pode não estar precisando de tal estímulo. Em uma nota mais inquietante, uma pesquisa de confiança do consumidor feita pela Reuters junto com a Universidade de Michigan mostrou que o índice caiu ao menor patamar em 12 meses à medida que cresce entre as famílias a incerteza sobre as perspectivas econômicas devido aos altos preços de alimentos e combustíveis e das turbulências no setor financeiro. RENDA PESSOAL E ENCOMENDAS À INDÚSTRIA A renda dos norte-americanos cresceu 0,5 por cento em julho, o que marca o maior ganho mensal desde março, quando a ela cresceu 0,8 por cento. O gasto pessoal cresceu 0,4 por cento em julho, seguindo a elevação de 0,2 por cento em junho. O governo norte-americano também informou nesta sexta-feira que as encomendas à indústria dos Estados Unidos subiram 3,7 por cento em julho. Excluindo o setor de transportes, as encomendas cresceram 2,4 por cento por cento. (Reportagem adicional de Gertrude Chavez-Dreyfuss em Nova York)

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