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Inflação é maior para classe média, diz Dieese

As famílias com rendimento médio de R$ 2.792,90 mensais perderam 0,17% do poder de compra em fevereiro

Por Agencia Estado
Atualização:

A inflação em São Paulo medida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) foi maior, em fevereiro, para as famílias com maior poder aquisitivo. O Índice do Custo de Vida (ICV) ficou em 0,17% em fevereiro para aqueles com rendimento médio de R$ 2.792,90 - pertencentes ao estrato três. Já as famílias do estrato dois - com renda em torno de R$ 934,17 mensais - sentiram um aumento médio dos preços da ordem de 0,06%. As com o menor rendimento (estrato um), de R$ 377,49, praticamente não registraram mudanças de preços de janeiro para fevereiro (-0,01%). Esta diferença entre o impacto do comportamento dos preços para as famílias ocorre devido ao consumo diferenciado de acordo com o poder aquisitivo. Álcool O álcool, por exemplo, uma das principais altas do ICV em fevereiro, tem um impacto maior para as famílias mais ricas em função do uso do transporte individual. Geralmente, as famílias com menor poder aquisitivo têm benefício maior quando há queda do grupo Alimentação, como ocorreu em fevereiro (-0,25%), porque os mais pobres gastam proporcionalmente mais de seus salários com comida. De qualquer forma, todos os indicadores de estratos mostraram redução na comparação com janeiro. A queda foi mais acentuada para as famílias de maior renda, para as quais a taxa passou de 0,93%, em janeiro, para 0,17% em fevereiro, uma diferença de 0,76 ponto porcentual. As taxas do mês passado em relação a janeiro também caíram para os estratos 1 (-0,26 pp) e 2 (-0,43 pp). ICV acumulado em 12 meses desacelera e deve continuar caindo Segundo o Dieese, a inflação acumulada em 12 meses apresentou em fevereiro a quarta desaceleração consecutiva. O ICV anualizado apresentava alta de 5,37% em outubro do ano passado; passou para 4,90% em novembro; 4,54%, em dezembro; 4,34%, em janeiro, e 4,13% em fevereiro. "Tudo leva a crer que este patamar inflacionário cairá ainda mais nos próximos meses", previu a coordenadora do ICV, Cornélia Nogueira Porto, com base no comportamento da inflação em março e abril dos anos anteriores. Ela destacou que nos primeiros cinco meses de 2005, o ICV mostrava uma tendência de alta, mas que, este ano, as coisas devem "ser diferentes". Entre fevereiro e junho de 2005, a taxa anual média foi de 7,94%, segundo o Dieese. Já de julho a dezembro, esta taxa caiu para um patamar médio de 5,11%. Neste dois primeiros meses do ano, segundo cálculos de Cornélia, a inflação média anualizada é de 4,24% e a elevação do bimestre, de 0,84%. "A inflação não é mais uma preocupação do governo. Agora é preciso se concentrar no crescimento do País", comentou. Março Cornélia está otimista em relação ao comportamento da inflação no curto e médio prazos. Para ela, a taxa de março deverá ser muito parecida com a de fevereiro. "Devemos ver algo em torno de 0,10%. Parte desta elevação ainda deve ocorrer por causa do impacto do aumento do preço do álcool combustível nas primeiras semanas de março", estimou a coordenadora. "Com certeza será uma inflação bem menor do que a registrada no mesmo mês do ano passado", comparou. Em março de 2005, o ICV mostrou elevação de 0,81%.

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