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Inflação freou o comércio em outubro

Por DANIELA AMORIM/RIO
Atualização:

As vendas no varejo ficaram estáveis, sem crescimento, na passagem de setembro para outubro, prejudicadas pela inflação e pelo desaquecimento da economia no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até mesmo a receita nominal ficou estável, interrompendo uma sequência de 20 meses de resultados positivos. "A inflação vem atrapalhando ao longo do ano. Não só na venda de bens duráveis, como no segmento de hipermercados. Como tivemos inflação mais alta esse ano, tivemos massa de rendimentos mais baixa, e isso impactou o poder de compra das famílias", disse Bruno Fernandes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na comparação com outubro de 2010, o resultado ainda foi positivo (alta de 4,3%), mas atividades importantes dentro do comércio registraram recuo ou desaceleração por causa dos preços mais altos, como combustíveis (-0,8%) e tecidos, vestuário e calçados (-2,2%). As vendas de supermercados também desaceleraram a alta (2,3%), principalmente por causa da alta do preço dos alimentos. Os preços também prejudicaram o setor de automóveis, que sofre ainda com a perspectiva de uma possível redução do crédito.As vendas varejistas de automóveis e motos, partes e peças recuaram 2,8% em outubro em relação a setembro. A queda foi ainda maior em relação a outubro de 2010, de 4,0%. "O governo aumentou o IPI de importados e o custo aumentou. Além disso, as vendas foram muito fortes em 2009 e 2010, então há uma saturação no mercado", disse Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.Pereira ressaltou ainda que há indícios de um aumento na inadimplência em financiamentos de automóveis, o que poderia levar a uma redução de crédito. "Como é uma atividade muito sensível ao crédito, pode ter uma piora nas vendas de automóveis", disse. A atividade que ainda apresenta bons resultados é a de móveis e eletrodomésticos, com aumento de 13,3% nas vendas, na comparação com o mesmo mês de 2010. No ano, a alta é de 17,3%. "Agora que a parte fundamental, que é alimentação, está satisfeita, as pessoas podem ir para os supérfluos. Elas trocam televisão de tubo por TV de LCD, PCs por laptops e tablets, geladeiras que consomem mais por geladeiras que consomem menos."

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