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IPCA desacelera para 0,47% em maio; em 12 meses, está em 11,73%

Em abril, inflação havia ficado em 1,06%; número de maio veio abaixo do esperado pelo mercado, de 0,6%

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Cicero Cotrim
Por Daniela Amorim (Broadcast), Eduardo Laguna (Broadcast) e Cicero Cotrim (Broadcast)
Atualização:

IPCA, índice oficial de inflaçãono País, desacelerou de 1,06% em abril para 0,47% em maio, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas do mercado ouvidas pelo Estadão/Broadcast, que era de 0,60%.

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A taxa acumulada em 12 meses está em 11,73%, enquanto a meta de inflação perseguida pelo Banco Central este ano é de 3,5%, com teto de tolerância de 5%. No ano, o IPCA soma 4,78%.

De acordo com o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em maio, sendo a maior variação vindo do grupo Vestuário, com alta de 2,11% no mês. O grupo Transportes teve alta de 1,34%, uma desaceleração em relação ao 1,91% do mês anterior. O grupo Alimentos e bebidas também desacelerou, registrando 0,48% em maio, frente à alta de 2,06% em abril. De acordo com o instituto, o único grupo a apresentar queda foi Habitação (-1,70%). Os outrosgrupos ficaram entre o 0,04% de Educação e o 1,01% de Saúde e cuidados pessoais.

Vendedora expõe produtos em feira;IBGE divulgou o IPCA de maio Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Entre os pontos positivos dos números divulgados nesta quinta-feira está o recuo de preços de alguns produtos que vinham sendo considerados "vilões" da inflação. O tomate, por exemplo, teve queda de 23,72%, enquanto a cenoura recuou 24,07%. Por outro lado, a cebola teve alta de 21,36%, o maior aumento dentro do IPCA de maio. 

Além disso, a inflação também começou a ficar menos "espalhada". O número de produtos pesquisados pelo IBGE que teve alta de preço, o denominado "índice de difusão", caiu de 78% em abril para 72% em maio.

Redução lenta

Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, a surpresa com o IPCA de maio indica que a inflação saiu do pico, porém deve mostrar desaceleração lenta, o que deve obrigar o Banco Central (BC) a manter os juros elevados por bom tempo. Para ela, o dado reforça a expectativa de o BC encerrar o ciclo de alta dos juros na quarta-feira, levando a Selic para 13,25% em derradeira elevação de meio ponto porcentual, porém com um comunicado em tom duro. “Haveria até um espaço para a próxima e última alta ser menor, de 0,25 ponto porcentual, mas o BC não deve surpreender o consenso de mercado, considerando as incertezas que estão maiores que o comum”, avalia Rafaela. “A comunicação, no entanto, deve ser firme”, complementa a economista, acrescentando ainda que, com as expectativas de inflação aproximando-se do teto da meta do ano que vem, o BC deve comunicar que a taxa de juros permanecerá em nível restritivo até as expectativas estarem ancoradas.

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Já para Luis Menon, economista da corretora Garde, a desaceleração do IPCA maior do que a prevista pelo mercado não muda significativamente a tendência da inflação oficial, que, sem as medidas que estão sendo negociadas pelo governo para desonerar os combustíveis e o gás, terminaria o ano acima de 9%. Menon chama a atenção para a dinâmica ainda considerada muito ruim do IPCA, com seus núcleos, onde se captura a tendência dos preços sem os choques temporários, ainda mostrando, na média, aceleração em 12 meses: de 9,69%, em abril, para 10,11% em maio. “Esse número não deve causar revisões significativas para nossa projeção de IPCA, que não fossem as medidas populistas que governo tenta aprovar no Congresso para baixar o preço de combustível e energia continuaria acima 9% em 2022”, diz o economista.

Para João Savignon, economista da Kínitro Capital, apesar de a inflação ter ficado abaixo do esperado, o quadro ainda é desafiador. "O IPCA pode deixar uma sensação de alívio momentâneo, mas o cenário segue desafiador e continua difícil para o BC encerrar o ciclo de alta (dos juros)", resume Savignon. "Nosso cenário ainda é de que o Copom dê um aumento de 0,5 ponto e deixe a porta aberta, mas a chance de subir mais é grande. Estamos falando de uma Selic terminal mais para 14% do que para 13,25%."

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