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Inflação maior para quem ganha menos

O Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) subiu 0,68% em julho e 10,31% em 12 meses, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esta é a inflação das famílias, cuja renda mensal varia entre 1 e 2,5 salários mínimos, ou seja, de R$ 788 a R$ 1.970 (ou pouco mais, conforme o salário mínimo regional). E, pior, trata-se de uma inflação mais alta do que a média brasileira, pois o IPCA dos últimos 12 meses avançou 9,56% até o mês passado.

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Por Redação
Atualização:

O IPC-C1 é apurado desde 2004 pela FGV e sua abrangência geográfica é relativamente limitada, tendo por base Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador. Baseia-se em pesquisas de orçamentos familiares e na estrutura de despesas dessas famílias, que despendem uma parcela maior da renda com alimentação, habitação e transportes.

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Para estes consumidores, a inflação em 12 meses passou de 9,52% até junho para 10,31% até julho e poderá se aproximar dos 11% neste mês por um efeito estatístico: em agosto do ano passado, o IPC-C1 foi zero. “Tudo que pesa mais para a baixa renda – comida, energia e transporte – está subindo fortemente em 2015”, disse o pesquisador da FGV André Braz.

“À medida que a inflação sobe, corrói o poder aquisitivo da baixa renda, que tem menos proteção”, disse Braz. “Geralmente, eles não têm nenhuma poupança.”

Em julho, a conta de luz subiu 3,80% no IPC-C1; o leite longa vida, 3,12% (depois de aumentar 3,31% em junho); e os preços da cebola avançaram 7,76%, seguindo-se aos 23,53% de julho. A alta média só foi menor do que a de junho porque acabou o efeito do reajuste do jogo lotérico (29,26%) e diminuiu 15,92% o preço das passagens aéreas. Só o item alimentação subiu 0,94% no mês passado, sob a influência de itens como hortaliças e legumes (+1,84%), em decorrência do clima desfavorável.

Não foi só o IPC-C1 que registrou aumento superior a 10% em 12 meses: o mesmo ocorreu com o IPCA calculado pelo IBGE em quatro capitais – Porto Alegre, Curitiba, Goiânia e Rio de Janeiro. A inflação não é a mesma para todos, como os números confirmam. A carestia atinge mais as famílias de menor renda.

Mais grave é que a alta recai sobre os grupos sociais nos quais cresceram o desemprego (pelas demissões no setor de serviços) e as incertezas com o futuro. Não causa estranheza a baixa popularidade de um governo que tanto se vangloriou da ascensão da nova classe média.

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