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Inflação medida pelo IGP-DI fecha 2006 em 3,79%

Crescimento é um dos menores da história do índice calculado pela FGV

Por Agencia Estado
Atualização:

O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou inflação de 3,79% em 2006, informou nesta quarta-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em dezembro, o índice teve ganho de 0,26%, depois da alta de 0,57% em novembro. A taxa ficou perto do piso das estimativas dos analistas do mercado financeiro, que esperavam, em média, uma inflação de 0,35% em dezembro e de 3,85% em 2006. Com esse resultado, o indicador, o mais antigo entre os índices calculados pela FGV e usado no cálculo do reajuste da conta de telefone em 2006, fechou o ano acima da taxa anual apurada em 2005 (1,22%), que foi a menor da história do indicador. A FGV informou os resultados dos três indicadores que compõem o IGP-DI de dezembro. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do total do IGP-DI, teve aumento de 0,11% em dezembro, ante elevação de 0,75% em novembro. Em 2006, o IPA-DI fechou o ano com alta de 4,29%. Em 2005, o indicador do atacado encerrou o ano em queda de 0,97%. Os preços dos produtos agrícolas acumularam alta de 6,92%, frente queda de 6,34% em 2005. Já os preços dos produtos industriais fecharam o ano passado com aumento de 3,46%, ante crescimento de 0,85% em 2005. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apurou alta de 0,63%, ganho de 0,24% na comparação com o mês anterior. No varejo, o IPC-DI, que representa 30% do total do IGP-DI, acumulou elevação de 2,05% em 2006, segundo a fundação. Em 2005, o IPC-DI fechou o ano com alta de 4,93%. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que representa 10% do IGP-DI, subiu 0,36% no mês passado, depois de ganhar 0,23% em novembro. Na construção civil, o índice fechou o ano com alta de 5,04%. Em 2005, o índice da construção teve alta de 6,84%. Commodities Os aumentos nos preços das commodities no atacado impulsionaram a aceleração na taxa do IGP-DI em 2006. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, as cinco principais elevações de preços no atacado - setor que mais pressionou a inflação medida pelo IGP-DI em 2006 -, estão relacionadas direta ou indiretamente ao setor de commodities. É o caso dos aumentos de preços em milho (34,54%); soja (12,21%); cana-de-açúcar (26,47%); fios e cabos de cobre (44,83%); e óleo de soja refinado (25,36%). "As commodities puxaram a inflação do atacado em 2006 - principalmente as agropecuárias", disse Quadros, ressaltando que das cinco principais elevações, quatro são do setor agrícola. O economista considerou que houve uma espécie de recuperação de preços, em 2006, em commodities cujos preços estavam caindo há um bom tempo. É o caso da soja, cujos preços estavam em queda há dois anos, de acordo com Quadros, e encerraram 2006 com alta expressiva de preços. O economista informou ainda que, curiosamente, o preço da soja desacelerou (de 9,98% para -0,01%) de novembro para dezembro. Esse produto foi o grande responsável pela elevação menos intensa da taxa mensal do IGP-DI, no mesmo período (de 0,57% para 0,26%). Porém, o economista considerou que é preciso comparar os dados anuais do IGP-DI de 2005 e de 2006 com bastante cuidado. Ele considerou que a taxa do IGP-DI em 2005 foi a menor da história do indicador - criado na década de 40 -, e beneficiada por uma forte apreciação do real ante o dólar. "A inflação de 2006 pelo IGP-DI triplicou, em relação à de 2005; mas também a inflação de 2005 foi excessivamente baixa", disse, considerando que uma taxa anual de 1,22% não condiz com a realidade atual de inflação no País. "A inflação passou de uma taxa de 12% (em 2004) para 1,22% em 2005. Caiu muito rápido. Não foi originada de nenhum sacrifício. É claro que teve a atuação de política monetária do Banco Central, mas isso só, isoladamente, não explica a redução", disse, reforçando que a valorização cambial em 2005 foi em grande parte responsável por esse cenário. 2007 O IGP-DI de 2007 deve registrar um resultado de no máximo 4%, na avaliação de Quadros. "Esse patamar, para mim, é um teto. Não tem como você ir além disso", afirmou. Para o economista, o IGP-DI, assim como os outros IGPs calculados pela instituição, devem atingir resultados anuais este ano muito próximos às taxas registradas nos fechamentos dos indicadores em 2006. No caso do IGP-DI, o índice fechou o ano passado com alta de 3,79%. Para 2007, Quadros trabalha com um cenário de inflação com indicadores do atacado (IPAs) iguais ou até mesmo mais baixos do que os apurados em 2006; e indicadores de varejo (IPCs) mais altos do que os apresentados nos fechamentos anuais do ano passado. O atacado tem maior peso na formação do cálculo da taxa dos IGPs do que o varejo. No atacado, um dos principais motivos apontados pelo economista para prever um comportamento favorável nos preços este ano é a perspectiva de ausência choques de preços no setor atacadista. Ele explicou que o câmbio, um dos principais motivos para choques de preços no atacado, parece apresentar sinais de relativa estabilidade em 2007. Isso inibe choques de altas de preços na agricultura, principalmente nas commodities. "Além disso, o cenário de produção no setor agrícola parece muito bom", afirmou, considerando que, com boa produção, a oferta dos produtos aumenta e os preços diminuem. No cenário internacional, o economista considerou que há boas influências para um comportamento favorável de preços no Brasil, sem perspectivas imediatas de choques de preços no setor de petróleo e boas condições de crescimento na economia mundial. Mas no caso do varejo, a perspectiva é de alta de preços mais intensa em 2007 ante o que foi registrado em 2006. "As tarifas serão preponderantes nesse cenário", disse. Ele explicou que, devido às baixas taxas dos IGPs em 2005, os preços das tarifas e preços administrados em 2006 foram muito pequenos - visto que usam os IGPs como indexadores de reajuste. "Isso não vai se repetir em 2007. As tarifas vão subir mais (do que subiram em 2006)", disse. Matéria alterada às 16h57 para acréscimo de informações

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